Não-amor

Pare por aí. Eu escrevo essas coisas todas que você leu, mas não sou quem você conclui quando lê tudo isso, ou já fui tanto que não sobrou mais. Conheço palavras bonitas, mas, por favor, não as espere de mim. Eu não sou esse amor que alguém sonhou, mas por alguns dias, quem sabe, a gente pode fingir que nada disso importa. E, se você não aceitar, eu sei que mesmo assim vai ligar.

Não, você também não é de perseguir um amor, mesmo que os seus filmes preferidos falem disso. Não, nós não vamos chorar no fim, não se preocupe. Quando vai ser o fim? Não pergunte demais. Aliás, está aí outra coisa sobre mim: não pergunte. Você ainda não aprendeu bem, vou considerar, mas é importante que aprenda pelo menos isso; o resto eu prometo que é mais simples de aceitar. Sim, dizem que eu sou legal. Sim, dizem que eu sou uma boa pessoa e faço tudo certinho, sei bem o que lhe disseram sobre mim e todas as propagandas positivas. Sou, isso mesmo, mas há alguns limites que ultrapasso, por isso não crie expectativas.

Já vi o seu signo antes, sei que pode ser difícil, mas espero que também tenha visto o meu, porque é, de fato, tudo difícil. Tudo bem sobre os dias em que você estiver triste ou com raiva. Mesmo antes de tudo já via que os seus olhos escuros demais deveriam significar alguma coisa. Você também não quer ir tão longe, por isso estamos aqui no mesmo barco. Nessas de brincar de não-amor a gente até que vai muito bem. Mas não se esqueça: é isso, é só isso. O nosso segredo fica bem guardado aqui. Os meus amigos sabem e os seus também, as pessoas gostam, dizem que demoramos demais, e a gente sorri, despista, deixa pra lá, "é o que é".

Apesar de prometermos desde já uma não continuidade, você sabe o que penso: a culpa é daquela foto onde você sorri. Eu até queria ter escapado, mas eu caio, sempre caio. E quando me escutou reclamar a noite toda sobre o passado que ainda é presente, eu já tinha escolhido cair de vez na armadilha.

Pare por aí, mas antes vê se para um pouco por aqui, ninguém vai saber, nós somos assim, despistamos sorrindo e fugindo. É que eu vejo em ti um atalho para não sofrer... Um jeito bonito de o amor simplesmente não ser. Um não-amor até que o tempo vire. Não é amor e nem será, mas pinta o céu de azul toda vez que a vida não quer dançar.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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