Meu orvalho azul mandante da insônia

Essa é mais uma noite de insônia repleta de você.

Os traços eram claros, mas o seu olhar distinguia de tudo o que já haviam passado por mim. Eu quis nos fazer virar história, conto, novela e realidade. Eu quis no viver porque parece que até hoje eu só estava esperando por uma oportunidade como você na minha vida.

Paro um pouco de escrever e busco um café. As minhas mãos doem e a caneta falha por vezes, mas a insônia e você são muito mais fortes. Não é tão fácil aguentar meus sonhos com você de olhos abertos. Não é tão fácil aguentar os meus anseios inteiros por você com um detalhe nada aceitável: sem você. Cadernos inteiros lotados de saudade não conseguem contar o seu efeito em mim.

A nossa história, vontade de um encontro qualquer nessas ruas tumultuadas da vida, é dramaticamente passageira no mundo, e infinitamente eterna em mim. Eu carrego a culpa do café para o qual não lhe convidei ou o passeio sem rumo que não demos. Eu carrego a culpa do nosso vão, dos nossos "nãos" e, principalmente, dos nossos "amanhãs" que nunca chegaram. Eu nos carrego: com culpas, saudades e quereres intermináveis.

Olha, meus lindos olhos azuis, não há mais orvalhos repletos de gelo nas manhãs de inverno. Sinto que nós, muito perdidos um do outro, carregamos conosco todo o frio da face da Terra. Ah, quanto drama eu faço por ter te encontrado e ter te deixado passar! Quanto drama eu faço pelas minhas mãos não encontrarem as tuas... E agora, nas manhãs frias, és tu o orvalho que fugiu com as minhas paisagens preferidas.

Tens olhos traiçoeiros, mas não sabes bem quantas músicas de amor quis lhe cantar sob a tua atenção, ainda que me instigues com o teu olhar. Porque tu tinhas certezas, enquanto eu tinha dúvidas. Será que acordamos amanhã? E você, sorrindo como quem se satisfaz com pouco, diria: por hoje, está tudo feito.

Não há lua que zele o meu sono longe de ti. Não há cobertor que me proteja como você. Não há luz que ofusque a lembrança dos teus olhos. Então, me deixe. Num canto, debaixo da ponte, no mesmo local do início, mas me deixe. Despovoe o meu coração. Quanto mais eu grito o meu ódio repleto de saudade, mais você retorna com despreocupação. E te pergunto com a alma toda aflita:

– E o amanhã?

E você responde com risos leves no canto da boca:

– O amanhã é nosso.

Você me roubas as noites, as certezas e a lucidez. Você me rouba para o amor, e eu nunca soube fugir de nada.

Que os teus olhos claros iluminem o escuro dos meus. Que as noites em claro ganhem o teu perfume, porque sem você, meu orvalho fugidio, os meus passos param na nossa rua, e eu nunca sei quando vamos nos tropeçar novamente. Mas o amanhã... O amanhã há de ser todo nosso! E talvez eu possa dizer que o meu alguém sempre teimará em ser você.

Durma bem, meu amor. Que alguém entre essas linhas ainda possa adormecer. 

E, para terminar, 
confesso que o teu azul é mais lindo do que o mar.
Mais lindo do que o meu próprio amar.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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3 comentários:

  1. Lindo demais Camila! Teus textos transbordando sentimentos como sempre. Parabéns, sucesso! <3

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  2. Que texto mais lindo Camila. Você passa sentimento em cada letra, em cada ponto. É incrível e raro, você é rara. Sem mais!

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