Pelo todo ou por poréns?


Afinal, quem nos ama, por que realmente nos ama? Antes que pareça louco ou questionador demais, eu quero saber se as pessoas nos amam pelos nossos acertos, pelas qualidades e atributos, ou se também nos amam pelo erro, pelo defeito, pelo equívoco? Porque eu tenho claro: conheço os defeitos de cada um que amo, e amo por aceitá-los.
Falando de maneira simples, eu fico me perguntando se alguém no mundo ainda espera esbarrar com pessoas perfeitas. É sério, alguém espera? Olha, eu não sou perfeita, e agradeço por isso. Prova de amor, para mim, é me amarem até pelos meus erros, pois me conhecem tanto que sabem que doem mais em mim do que em qualquer outra pessoa. Sabem que tenho os meus jeitos tortos e estranhos, e me amam até por isso. Sabem que muitos desses defeitos estão ali para sustentaram metade de mim. Ninguém é qualidade por completo; ninguém atutaria não errar e aprender.
Uns gostam de A, outros acham que gostar de A é um defeito. Mas ainda seguem amando a criatura por admirarem a devoção dela pela coisa A. Acham estranho o jeito quieto ou falante dela de ser, mas vez ou outra sentem uma falta danada daquele silêncio ou barulho excessivo. Quem nos ama, que fique claro, aprende a gostar das nossas marquinhas todas.
Porém, infelizmente, há quem nos ame cheio de poréns. "Ah, tu gostas daquilo, que nojo". "Ai, tu falas tal coisa, não podes, não gosto". "Errastes ontem, que horror". Sabe o tipinho cheio de pudor? Odeio. O tipinho que não se mistura, que olha todo mundo por cima e que odeia tudo o que diz ser um defeito em ti - e, às vezes, nem é -, mas sempre corre para o teu lado quando a coisa aperta por lá. Entende o que digo? Não suportam os nossos defeitos, erros ou características que não se assemelham, mas ainda possuem a cara de pau de dizer que nos amam. Não quero amores assim na minha vida. Não quero também quem finje adorar tudo e se revele pelas costas dizendo o quão grotesca pareço por isso ou por aquilo. Eu gosto, e não abro mão, de quem me olha no fundo dos olhos e diz: eu te amo por errar. E diz mais ainda: diz que me ama por ter as minhas diferenças, os meus defeitos humanos. Gosto de quem pega a minha mão e diz que juntos nós consertamos, e não quem aponta o dedo e me larga no meio do nada. Gosto de quem reconhece que também é gente e sabe que o jogo sempre pode virar. Enfim, gosto de quem ama sem poréns.
Claro que a nossa vida acaba reduzida a um número pequeno de pessoas quando decidimos fazer uma limpa entre os que nos amam pelo conjunto e os que nos amam apenas pelo lado bom, mas é necessário. É mais do que necessário permanecer com quem vê o nosso erro e nos conhece a ponto de saber que queríamos acertar. É mais necessário ainda cultivarmos e cuidarmos daqueles que se colocam ao nosso lado para sermos melhores dia após dia. Porque o resto passa, não vale a pena como pensávamos. O resto aponta o dedo e foge do espelho.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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3 comentários:

  1. Camila! Ótimo texto, como sempre.

    Deve ter alguém, sim, que sonha em encontrar uma pessoa perfeita. Não sei como, mas deve haver.

    Ah! E depois que li o texto, tentei criar em minha mente uma pessoa sem erro nenhum, e não consegui. Por quê? Porque são "perfeitas" à sua maneira. É a única explicação - ou não.

    Enfim, parabéns pelo blog. Andei meio sumido nos comentários, mas continuo por aqui.

    Beijão, Camila.

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  2. Concordo, Pedro! Cada um é perfeito com os seus erros, e é melhor assim, sempre!

    Obrigada pelo carinho sempre, viu?

    Beijão!!

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