Look at the stars, baby

Yellow by Coldplay on Grooveshark

Você achou aquele texto "foda, muito foda". Expressões suas, mas nem isso me incomoda, nunca soube lidar com elogios, fossem como fossem.

Quando eu quis que achasse o texto seu, você o achou seu até demais. Não, não era desse jeito, não era de você-para-alguém, era meu-para-ti. As minhas próprias palavras me traíram, armadilhas que eu criei sem saber. Ficou mais difícil a coragem de discar o seu número no telefone, por isso eu nunca decorei, para não correr o risco de ligar mesmo depois de apagar e você nunca acreditar no meu amor de bêbado, embora você saiba bem que existe amor demais no fundo de um copo. Por isso não há nenhum amigo ou conhecido que eu possa pedir de novo e cair na tentação. Por isso eu te deixei tão do lado de fora da porta, na risca da linha: não saberia te mandar embora depois de ter entrado. É como um cachorro sem dono, como eu à noite, como meu sono sem sonhos. É como você pedir e eu só saber responder "sim".

Te faço de trilha sonora, te desenho nos meus papéis rasgados e escrevo bilhetes que ficam gravados no celular para nunca te mandar. Te trago, no cigarro e no trazer. Te bebo, na bebida e na sobriedade. Te vejo... No sonho e nos outros rostos. Te escrevo, mas é tudo para me esconder. Ando me escorando nos cantos, passando por ruas mais escuras, escondendo o corpo atrás das pilastras por medo de um dia te ver de verdade. Eu tento me manter intacto, mas te imaginar me deixa em pedaços. E esses olhos verdes, baby? Essa luz me cega.

Eu sei que nós gostamos de pássaros e voar livres como eles é uma utopia que nos persegue. Você olha o céu com olhos de prisioneira; eu te olho com os mesmos olhos. Diferente deles nós não temos rota, não procuramos o melhor clima e nos acostumamos a não andar em bando. Queremos a liberdade deles, mas somos solitários demais para o sermos. Somos presos demais ao peito para aprendermos a tocar o céu.

Se separados somos pássaros que jamais colidem, juntos somos noite, não posso negar. E o que parece sombrio, nunca foi tão brilhante, justamente como as estrelas todas do céu que quero dar nome quando te vejo contando uma por uma tentando, quem sabe, achar aquela que pode ser a nossa viagem mais inesquecível. Nosso choque é um curto-circuito da mais alta tensão... São estrelas que somente nós poderíamos enxergar.

Vem ver o céu daqui. Vem ver que o texto menos romântico é seu, mas eu sempre posso mudar o tom.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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