E depois, o quê?

É mais difícil depois que a gente já conhece a outra pessoa. É mais difícil depois dos defeitos, das coisinhas tolas que irritam, do dia a dia. É mais difícil depois que passa o encanto inicial, o mistério, a perfeição aparente, as descobertas e a paixão. Todo mundo sabe disso tudo, poucos são iludidos.

É mais difícil depois que aquele defeito que a gente sabe que não deve mudar tão cedo. É mais difícil aceitar do que conhecer. É difícil ficar acima do medo, dos poréns, do não-te-aguento-hoje. É mais difícil depois que a gente pensa que não tem mais o que descobrir e a rotina parece que virou sacrifício. É mais difícil cair na mesmice do que surpreender.  É bem mais complicado conhecer do que simplesmente querer. Deve ser por isso que as paixões platônicas são tão bonitas e duradouras; o que não conhecemos é sempre muito mais atraente.

É difícil na segunda briga, muito mais na sexta ou sétima. É mais difícil no décimo mês do que no primeiro. É mais difícil manter do que começar. Não há segredo, mas também não há fórmula mágica. Alguns casais dizem por aí entre risos e olhares confidentes que uma briguinha de vez em quando é o que alimenta o amor. Enquanto isso, outros dão as mãos, olham-se com paciência e se orgulham em dizer no alto dos seus mais de 50 anos juntos: "nunca brigamos". O amor, ao seu modo, é ainda mais difícil. E é assim porque descobrir o modo leva tempo e exige esforço, faz a cabeça dar voltas, a noite virar dia e assim por diante. Recomeçar todos os dias com o mesmo par é mais difícil do que trocar.

Depois do amor, o que vem? Depois dele é sempre mais difícil. Mas, olhando um pouquinho mais à direita do que à esquerda, um pouquinho mais o lado claro do que o escuro, com amor é muito mais fácil.

Antes, durante, depois... É tudo amor. E depois ainda pode ser amor.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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1 comentários:

  1. Eu até vim aqui filtrar qualquer coisa que tenha escrito. E não tinha mais nada além do que já havia lido. Então você respinga a tinta do coração na tela, e esparrama em meu corpo e minha alma de papel. "E depois o quê?". Depois os avisos urgentes de uma massa cardíaca falida balbuciando "caution". Pesquisei "coragem" e no wikipédia (minha mãe sempre diz pra não procurar lá, mas você sabe a predisposição parental em desobedecer isso) achei "é a habilidade de confrontar o temível som de discórdia, a difícil vida, o amor, a certeza ou a intimidação". Claro que se eu disser que o C é também de Camila tu vais contrapor. Tudo bem. Talvez seja de Chão, solo firme que dá pontapé pra realidades sonhadas. Só queria falar que entre tontos tantos, você é ímpar. Abraço.

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