Titubear

Está tudo bem, certo? Tudo bem em não saber o que fazer, em não saber para onde ir. Está tudo em permitir que a cabeça entre um pouco em "pane". São só as turbulência, se você já andou de avião, sabe que é normal. E logo tudo aterrissa em solo firme.

No meio da loucura a gente duvida, treme as pernas, pensa que não, pensa que sim, tenta ir, quer voltar e fica parado. No meio dessa coisa de não saber de nada, a gente se perde de si, dos outros e até dos futuros que estão vindo. E eu gostaria muito de dizer que há tempo para tudo isso, mas o tempo é só um amigo que nem sempre nos é fiel. E eu sempre usei o relógio no braço errado.

Essa turbulência pode ter nome: titubear. Está lá no dicionário, "cambalear, vacilar sobre as pernas". Estou titubeando. Eu e metade do mundo. Talvez mais do que a metade. Estou encarando aviões passando no céu e me perguntando o destino. Estou imaginando desenhos nas nuvens e perguntando a elas o segredo. Estou encarando paredes e pichando a mente. Estou escrevendo poemas e escondendo as rimas. Titubeando, estou perdendo o tempo. Estou perdendo para o tempo. Eu quero saber se vou; eu quero aprender a deixar ir. É que aviões ainda não foram feitos para carregarem as ilusões.

Mas dizem que somos jovens demais. Dizem que as profissões mudam, os amores mudam, as perspectivas mudam, os lugares mudam, as vozes, os cheiros, os sabores, os gostos. Dizem que tudo muda. E tudo bem. Está tudo certo em não entender mais nada sobre nada. Está tudo bem em querer ir embora sem saber onde chegar.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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1 comentários:

  1. Só não muda o afeto, o carinho e a estima que tenho por você.
    Isso é amor.

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