O que você tem que fazer


Há coisas que você nunca quer fazer. Assinar um divórcio, deixar um filho seguir a vida, mudar-se para longe de seus amigos, dar adeus, dizer certas verdades e até continuar a vida sem algumas pessoas. Há muitas outras coisas que você nunca quer precisar fazer. Mas precisa. Precisa porque nem tudo é uma escolha. Não é como se você acordasse e se visse obrigado a tudo isso. É como se fosse a sua única escolha e você não quer se abster – ainda que isso também seja uma escolha -, então você faz. Faz porque não quer ser covarde a ponto de fugir. E faz acreditando que deve haver uma explicação. Coisas óbvias ou não tão óbvias assim, não importa, o nível de dificuldade nunca diminui.
Escolhas nunca são fáceis, certo? Certo. Você faz o que precisa ser feito e reza para ter feito o melhor. Cada um sabe dos seus motivos.  Porém, o melhor nem sempre é suficiente. O melhor não substitui dores, não apaga arrependimentos e nem faz você se sentir bem. O melhor, às vezes, apenas é o melhor entre todas as coisas ruins, o que não representa necessariamente algo positivo. Tudo aquilo que você fez de certo na vida pode, de repente, ser soterrado por uma dessas coisas que você se vê obrigado a fazer. Seria muito poético dizer que fazemos apenas o que queremos fazer e a vida segue todos os nossos planos. Grande mentira! Não é assim, você sabe que não é. Certas coisas simplesmente estão fora do nosso controle. Certas escolhas chegam até nós, e não nós que vamos até elas.
Quer saber o que eu acho? Acho que eu voltaria atrás em alguns momentos. Eu gostaria de achar uma saída para certas coisas que tive de fazer. Gostaria de não ter precisado fazer, mas fiz. Ainda espero a justificativa de muitas delas, pacientemente. Se acharia uma saída? Provavelmente não. Foi assim porque era como deveria ser, mas é que às vezes esse pensamento me é cômodo demais, e eu não gosto de coisas assim. Mas também gosto de pensar que poderia ter sido diferente, quem sabe? Se não dói? De vez em quando dói porque se passa a viver de possibilidades. Mas de dor todos somos feitos. Imaginando a vida que não vivemos, todos já gastamos tempo demais. E por mais que você queira se desvencilhar de determinadas escolhas, elas vão chegar. Vão te colocar contra a parede e exigir uma maturidade que, provavelmente, você não terá. Não é uma questão de idade. É uma questão de sermos humanos e nunca estarmos preparados para algumas coisas. Você pode se achar dono (a) do seu próprio mundo e não se arrepender de nada, mas no fundo, no lugar aonde ninguém vai lhe enxergar, há sempre um poço inteiro de ressentimentos com as “coisas que você teve que fazer”.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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