A reviravolta


E se ele tivesse olhado para trás? E se ele tivesse voltado atrás? Como teriam sido os últimos dois anos se na hora do adeus, ao invés de não olhar para trás - mesmo sabendo que se amavam - ele tivesse a olhado, puxado e desistido da ideia de viverem separados? Mas todos os dias ele pensava porque teria de ser ele e não ela a olhar para trás. Nunca encontrou respostas, óbvio. Mas também nunca a esqueceu. Em todas as datas especiais como aniversários de namoro e aniversários dela, ele tirava o dia para lembrar mais calmamente do quanto ela era incrível, mas do quanto eles jogaram isso fora por brigas irrisórias. Desejava todos os dias que ela estivesse feliz, fosse com quem fosse. Imaginava em como estaria o seu cabelo, se ela havia terminado aquele curso de culinária e, mais ainda, se pensava nele. Vivia de hipóteses do que nunca mais foram. E de saudade do que haviam sido. Eram tão conectados que de vez em quando ele parecia ouvi-la chorando, mas pensava ser engano, bobagem. Um certo dia, comum e rotineiro como todos após não olhar para trás, o telefone tocou. Foi a reviravolta.

Ela – Oi, sou eu... Lembra da minha voz?
Ele – Eu nunca esqueci.
Ela – Foi tão difícil criar coragem e te ligar...
Ele – E ligou por quê?
Ela – Porque meu coração não aguentou mais.
Ele – Ele aguentou bastante até... Foram dois anos.
Ela – Isso quer dizer então que o teu aguentaria mais? Porque quem ligou foi eu.
Ele – Quer dizer que o meu nunca aguentou, mas pensou que o teu aguentaria para sempre.
Ela – Já passou pela tua cabeça como poderia ter sido tudo diferente?
Ele – Todos os dias.
Ela – Não encontrei nenhum beijo igual ao teu.
Ele – Nem eu...
Ela – Ninguém me fez sorrir mais como tu fazias.
Ele – Ninguém me irritou mais como tu me irritavas.
Ela – Isso é ruim?
Ele – Isso é bom. Eu nunca pensei que sentiria falta disso, mas se eu sinto, então quer dizer que as tuas imperfeições afloram o meu amor.
Ela – Eu também te amo.
Ele – Mais do que o esperado.
Ela - Mais, bem mais
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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