O que até Renato Russo já sabia...


Acho sempre mágico quando a voz de Renato Russo começa a se engrandecer no ambiente cantando “quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria era provar pra todo o mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém”. Ah, Renato, tu sim sabias o que estavas dizendo! A música inteira por si só é incrível, óbvio. Mas esses versos em especial são magníficos. Cada vez que ouço fico me perguntando se sei quem eu sou. É, porque é um pouco disso que esses versos tratam. É sobre você saber quem é o suficiente para não precisar provar nada a ninguém. É você se olhar no espelho e ser sim essa pessoa insegura, cheia de medos, defeitos, erros, sonhos e esperanças, mas que não sente necessidade de ser para os outros, só para si mesmo. Ser de dentro para fora, não de fora para dentro. Ser quem se é, assumindo quem se é, sem precisar gritar ao mundo o quão suficiente consegue ser. Aliás, suficientes somos todos nós, mesmo sem saber o quanto somos. Isso que somos, na maioria das vezes, é o que precisávamos ser. Ficou confuso, mas acho que dá para entender.

O tempo é precioso demais para vestirmos um personagem só para satisfazermos algo ou alguém. Ele é curto demais para perdermos dando provas do que só nós precisamos saber. Sim, de nós, só nós precisamos saber! Tentar provar algo é a maior prova da nossa ingenuidade. Nunca seremos exatamente o que nos pedem para ser. E nunca convenceremos alguém de que somos exatamente como queríamos ser. Cada um leva consigo mil e um motivos para cada pequeno detalhe da sua própria vida. Cada um sabe o que passou e o que gosta ou desgosta. Cada um é único, caracteristicamente único. Não há necessidade de provas. Não é preciso alimentar ego algum se revelando para o mundo muitas vezes de formas falsas. E se você tem razão de algo, satisfaça-se em tê-la, não em prova-la a todo o momento. Aquilo que é grande e forte dentro de nós, nunca precisou ser revelado. O que nos motiva e leva adiante, ninguém precisa saber. E se dizem que você é gordo, não precisa querer provar que é magro. Se dizem que é burro, não precisa querer provar que é inteligente. Se dizem que é gay, não precisa querer provar que é heterossexual. Se dizem que é mimado, não precisa querer provar que é independente. Aceitar-se e ser feliz é estar bem com a pessoa que você é.

É a velha história de que não devemos satisfação aos outros. E quer saber? Não devemos mesmo. Devemos é ser o que somos, fazer o que queremos e gostar do que quisermos porque é assim que é, não porque ditaram que seria e precisamos sempre estar sendo colocados à prova. Provar o que se nada nunca foi exato? Sempre fui da opinião de que a vida é quem prova tudo. As coisas se revelam com o tempo e cada um sabe exatamente bem de si, e se ainda não sabe, não cabe aos outros saberem. O mundo acontece muito mais na nossa cabeça do que fora dela. E é exatamente com a vida que aprendemos a regra básica de sermos suficiente apenas para nós mesmos. Aprendemos que precisamos nos conhecer a ponto de sabermos que somos uma total confusão, mas pertencemos a nós e não às necessidades de provar isso ou aquilo. Hoje eu aceito cada imperfeição minha e sei quem eu sou mesmo com uma crise ou outra. Posso dizer que passei a viver muito mais para mim depois que entendi a perda de tempo que é viver provando minhas certezas ou maneiras para o mundo.

Que deixemos de cair na armadilha de deixar o mundo nos testar e passeamos a aceitar aquilo que o espelho nos reflete. Renato Russo já dizia que não precisamos provar nada para ninguém, quem somos nós para discordar?
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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