Feliz ano... velho!


Lá se vai 2011. Lá se vão as dores, as perdas e os desamores de 2011, certo? Errado. Vem tudo junto, aglomerado no nosso coração ora feliz, ora triste. Vem tudo na bagagem porque não somos calendário, mas continuidade. E 2012, é o quê, afinal? Além de continuidade, 2012 é velho, muito velho. É o ano mais vivido de todos sem nunca ter passado.

E se o mundo acabar? Ah, não vai acabar, que besteira o que falam os astros, os profetas e os adivinhas mundo afora. Quem realmente é profeta? Acertar uma coisa ou outra eu também acerto. Ditar o fim do mundo eu também dito. Aliás, o mundo acabou faz tempo e ninguém percebeu. Ninguém se deu conta de quando acaba o amor, acaba o mundo, e há mundos acabando diariamente.

Se há um ano que já se viveu, é 2012. Cheio de lendas e profecias, cheio de maldições e tido como o ano em que faremos tudo porque não haverá mais amanhã. O ano em que o fim decreta nossa vivência intensa, é isso? Precisa tudo acabar para sermos intensos? Ah, mas esse mundo acabou faz tempo mesmo... O quê será de 2013? Quem contará que se formou, casou, teve filhos, viajou ou comprou o sonhado carro? Quem dirá que foi feliz? Recuso-me a acabar em 2012. Digam aos "profetas" que vou contrariar as leis da física, da vida e do que queiram inventar. Já viveram 2012 por nós, já sabem dizer até o dia em que morreremos. Por que gastar tempo? Vamos economizar energia, dinheiro, estresse! Vamos acabar logo. Ou não. Vamos fazer birra com o ano que vem chegando. Vamos viver 2012 para esperar 2013.

Em suma, quero desejar feliz ano novo. Ainda que amanhã tudo amanheça igual, há uma tradição que diz que o calendário muda, a lua muda, os regentes mudam e algo pode acontecer. Então, que os sonhos ganhem força e a vida siga assim, essa montanha russa que nunca sabe em que pico se encontra. Que os sorrisos encham-se e as lágrimas sequem. Que os amores se encontrem e os perdões sejam dados. Que os amigos permaneçam e as feridas virem aprendizado. Que as cicatrizes anunciem que não somos de ferro e a saudade nos leve para onde deveríamos estar. Que o mundo gire, as pessoas passem e a vida siga. Que nada se perca, mas tudo se acrescente. Que sejamos mais do que um calendário ou um relógio que data o tempo. Que sejamos o próprio tempo, mostrando que o mundo não acaba agora ou em 2012. Que sejamos nós, juntos, a profecia que decreta: o ano passa, a vida fica.

Feliz ano velho, aquele que faremos novinho em folha.
Compartilhar no Google Plus

Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
    Blogger Comment
    Facebook Comment

1 comentários: