Lá se vão finais felizes, ou não



É uma lição que entendi melhor com Grey's Anatomy do que com a vida: nem sempre os finais são felizes. E o que vem depois? Outro dia, sempre. Como no seriado, às vezes aqueles 5% de chances de sobreviver dão certo. Às vezes, não. Amanhã há outro dia para se engolir os traumas.

É claro que aprendi tudo isso no dia a dia, nas próprias tentativas e surpresas da vida, naturalmente. Mas, convenhamos, é mais fácil aprender quando a expectativa é de que certamente aquela cirurgia vai finalmente salvar a criança com mais dois meses de vida apenas e, sem mais nem menos, tudo dá errado. Apenas nós e a tela: cai até uma lágrima, mais do que se fosse realidade. Na vida real alguém sempre diz "a esperança é a última que morre", ao invés de largar a verdade nua e crua. É fácil entender o que eu digo e o exemplo que uso.

Como tudo parece sempre derradeiro, a gente quase se mata antes da hora achando que a vida está querendo mesmo é nos matar. E lá vai drama, vem drama, e assim por diante, em cada novo desespero, falha, espera, angústia ou medo. A gente se apavora toda hora, essa é a verdade, vamos negar por quê? Para quem? Nós mesmos? Nem esperamos mais o sol de amanhã, mas ele vem de qualquer forma, mesmo que ninguém abra a janela. Eu já o mandei embora, já pedi para ficar, já implorei que chegasse mais cedo ou que nem chegasse. Cada um com a força do seu drama/dor sabe como vê o sol do dia seguinte.

Mas eu entendo todo mundo, incluindo-me nesse "todo mundo". É que a gente não espera que a vida possa ser boa, terminar tudo bem ou, quando termina, trazer novos caminhos. Em certo ponto não se espera mais nada, e é compreensível. A gente já espera tanto, não acha? Paciência, amigo, paciência... Verão é quando a gente quer que seja. Ou não, alegre ou não. A culpa é da vida, eu também acho: ela brinca de surpeender. Como já disse, Grey's Anatomy me ensinou que até mesmo a pior surpresa, o final mais trágico, tem um "quê" de novos tempos. É que a gente sempre quer ficar no tempo que morreu...

A vida brinca. De bambolê, pular corda, iô-iô, seja lá o que for. Ela quer mais é que a gente entre nesssa loucura e dê um jeito de sair rindo. Mesmo que o brinquedo quebre.


(E qualquer errado vira um final feliz.)
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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1 comentários:

  1. Lindo demais moça. Lindo demais.
    A vida gosta de surpreender, a as vezes, a surpresa nem sempre é tão boa. E o segredo é ter paciência e esperar, vai que um dia ela traga coisas boas não é mesmo?

    A vida sempre segue, sem se importar com quem fica pra trás, e é por isso que devemos seguir, sem se importar se é inverno ou não, se é alegria ou não, tanto faz.

    E de repente o que era pra ser o certo acaba sendo o errado, e vice-versa. Mais o que nos motiva a sempre acreditar é esse nascer do sol todo dia, mesmo que todas as janelas estejam fechadas. Novos dias viram, novos erros, novos tempos, sei lá.

    Grey's Anatomy é, talvez, uma maneira bastante certa de falar de vida, já que se trata de um rotina dentro de um hospital. E o que se acha em hospitais? Aquela velha historia de "a esperança é a ultima que morre", e muitas vezes acaba por morre, e por ai segue o ciclo natural da vida...

    Lindo texto, Bjws, até breve; • Sem Guarda-Chuvas •

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