Está tudo bem


As mudanças chocam. Ou aliviam. Ou reacendem a vida. Ou matam partes de nós. Vão e vem, num ciclo vicioso e fora das nossas mãos. Aliás, o quão apavorante se torna tudo o que está fora das nossas mãos? A vida está. A vida responde.

As mudanças mudam - abusando da redundância - as nossas sensações. São as lembranças quem ficam. E as mudanças, por incrível que pareça, falam de saudade. Saudades que ficaram e saudades que se vão... Eu não sabia mudar tanto a ponto de abandonar a falta e a saudade. Descobri, em meio a noites de insônias ou pesadelos pelas tardes, que querer dar adeus pode esvaziar mais do que precisar dar adeus. E olha que eu pensei que certas saudades não morriam... Quem não morre de jeito nenhum é a lembrança. O resto está aí, pronto para ser atropelado.

Estou me despedindo/desprendendo de algumas saudades e enchendo a vida de outras. Deixando as transformações curarem os vazios e os contornos estranhos da vida desenharem novas lembranças. Está tudo bem. Está tudo bem em se perdoar pela saudade morrer quando as mudanças já nos ensinaram o bastante. Nas causas perdidas ou morre a saudade ou morremos nós.

Tudo bem em entender que os tempos passam e as mudanças chegam. E tudo bem em deixar os tempos passarem. Eu precisei treinar a minha consciência e o meu coração para eles entenderem: tudo bem que a vida ande. Tudo bem tudo mudar e a saudade morrer.

Tudo bem superar a vida.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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