Se não fosse o meu medo de tudo desabar, eu poderia morar no último andar do prédio mais alto da cidade. Medo se confunde com adrenalina: na verdade eu queria o frio na barriga e a boca seca, mas e se desabar? Ah, não, me deixa no chão por enquanto. Se não fosse a minha asma corriqueira, eu subiria correndo e sorrindo a maior escadaria do mundo, porque bons mesmos são os desafios sem noção que te levam ao topo de qualquer coisa. E se não fosse a falta de dinheiro, eu compraria um piano e não haveria vizinho que me aguentasse.
Será que a vida tem tempo para o medo, a asma, a falta de dinheiro e outras desculpas que eu invento para não ir adiante? Será que faz sentido ficar na linha do provável? Eu poderia repensar.
E eu poderia também terminar esse texto com frases que formassem uma lógica nas ideias. Poderia, se a minha veia geminiana não me levasse a fazer mil tarefas ao mesmo tempo e eu não tivesse que ir tentar terminar outra, que também não vou terminar, mas poderia.
É que eu e a vida "poderíamos" ser diferentes...
Calma... Ainda escrevo do último andar me apoiando na cauda de um piano.
Impressionante como geminianos são inteiramente geminianos. É como se um geminiano fosse o gêmeo do outro. Numa corrente. Agora entendi.
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