O teu carinho é um soco no meu estômago. É como um gato: quer atenção quando quer, porque quer, somente quando quer. A diferença é que os gatos tem sete vidas, eu apenas uma e você parece imortal; nunca sairá daqui.
Não é porque você tem as chaves que pode entrar sem avisar, pense bem. Eu as entreguei, é fato, mas você tem que avisar: estou indo, chegando, entrando, quase aí, me espera. Qualquer coisa, um sinal de que ainda vem e a espera não é o caminho longo para a minha decepção. Ao contrário disso, você tomou o espaço si, e tudo bem que já é seu, mas não precisa esfregar isso na minha cara tão facilmente.
Você não precisa fugir, nem eu. Já somos adultos e maduros, vamos fingir que sim. Já encaramos essas relações complicadas antes e mesmo que agora pareça ser diferente, eu sempre disse que era tudo igual e você sempre achou melhor deixar tudo pra lá. Então, vamos deixar pra lá só mais uma vez quando você chegar sem hora marcada e ficar para dormir sem eu ter separado aquele travesseiro especial que somente você gosta. Deixa eu arrumar a bagunça da minha vida para te receber melhor. E não precisa arrumar nem o cabelo, eu sempre gostei dele assim mesmo.
Andei escutando músicas bregas e, meu Deus, onde eu vou parar? Na palma da sua mão? Tarde demais. Foi ficando tudo estranho assim sem eu ter chance de te expulsar ou me perguntar se era aquilo mesmo que eu queria, mas eu nem sabia o que era "aquilo".
Vou mudar alguns quadros de lugar, comprar uma televisão nova, pintar a parede do quarto, essas coisas. Dar uns retoques querendo te chamar atenção. Igual a você agindo feito gato. Igual a mim agindo sempre feito abandonada.
Desculpa interromper o teu ciclo vicioso de não se prender, é que eu quero parar de apanhar pra tua mania de fugir.
Apenas... Peça para entrar. Eu vou deixar.
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