Teu inferno astral não é o único

É o que pensei a minha vida inteira sobre quem vai embora contra o que meu coração pede. "Briga de cachorro grande".

Nunca ouviu falar que geminianos são os que mais sofrem com as próprias dualidades? Que vivem em pé de guerra consigo mesmos e por mais que cedam à emoção, são puro raciocínio? Você não sabe a metade dos meus dilemas, não imagina as guerras que criou aqui dentro. Surpresa, surpresa: a sua razão não é a única que barra os seus impulsos.

Durante muitos dias repetia para mim mesma que tudo era confuso demais. A verdade é que pode ser tão claro que assusta enxergar. É isso, quem sabe a claridade esteja me cegando tanto que fico assim, sem saber o que fazer, esperando ainda que o sinal venha de ti. Não virá; nunca vem.

Quem vai embora pede para ser vácuo, deixa o café pela metade com o gosto da boca ainda na caneca. Coloca a música na sala, sai para comprar pão e nunca mais volta. Abraça hoje e deixar cair amanhã. Quem, afinal, você quer ser para mim: quem fica ou quem vai? Releio suas palavras, escuto repetidamente as músicas que marcou para mim... Eu te esperei tanto. Acreditei tanto. E você disse que "era para doer tudo de uma vez só".

Você não tem culpa pelo meu passado e das minhas desconfianças com quem vai embora, assim como eu não tenho das suas desconfianças com quem insiste em ficar. Nossas culpas provavelmente são outras, mais românticas, não menos tristes. Sou eu pensando em ir, mas teu olhar me pedindo para ficar. É você não sabendo o que fazer comigo e eu ficando mesmo assim. É o silêncio que me dói, mas que não me faz falar. É a tua vontade que te faz me querer de volta, mas o teu medo que te recua.

Mas não posso ir além, não tenho como segurar os dois lados da nossa corda e nem viver torcendo para que não me esqueça. Se bem que eu poderia... E esse é o meu inferno astral, o pesadelo que o meu sono não consegue conter: a minha razão quer me proteger da sua fraqueza de não saber ficar, enquanto a minha emoção quer te pedir todos os dias para não ir.

Cada vez que a distância se alarga minha cabeça me convence a não confiar. Você nunca diz o que quero escutar, eu nunca sou o que você quer ter e mesmo te enchendo de razões para ficar, ainda me machuca indo. Por isso, por muito mais, não gosto de jogos e de adivinhar o que suas novas falas querem dizer.

E se eu precisasse de um abrigo, ainda seria você? Meu coração afirma. Minha razão questiona.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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2 comentários:

  1. Meu, você escreve muito bem. Não vou usar palavras bonitas, mas gostaria só pra demonstrar um pouco do quanto não só acho seus textos ótimos, mas me identifico com eles. Não me identifico no sentido de já ter passado por algo assim, mas sim por.. por me identificar, sabe o que quero dizer? Hahah
    Enfim, seus textos são ótimos, e você tem um dom, um talento, continue assim, sem desperdiçá-lo que um dia você vai ser muito reconhecida, por ele!

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  2. Sou sua fã, você escreve muito, te sigo no tumblr, parabéns!!!
    Rafinha

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