Quem dera o menino nunca tivesse crescido, pois só as crianças tem a certeza do que querem e a liberdade de quererem tudo sem recriminação. Mas o menino, que lá na identidade já é homem, não sabe o que quer e nem parece poder ter tudo o que sonha; ele não sabe se a linha vermelha que avista é a chegada ou o limite.
Criança querem ser astronautas, bailarinas, bombeiros, jogadores de futebol, cantoras, atores... E elas podem, elas sabem que querem e podem querer. Aposto que ele, o menino da história que eu não lembro bem quando começou e não sei ainda se há fim, foi de desejo de conhecer a lua ao de marcar um gol no estádio cheio do seu time do coração. Para ele, crescer foi dar de cara com uma lua inalcançável e um estádio vazio.
Se alguém perguntar: afinal, menino, você quer um romance, uma aventura, um drama ou uma comédia? Ele não saberá... Ele ainda tem tempo para saber o filme a que pertence, mesmo nunca se sabendo ao exato quanto tempo se tem. É tudo como os cliques que formam o dia dele: um segundo e o ângulo já mudou; um despreparo e a fotografia perfeita já se foi.
Quando era mais novo nenhum psicólogo adivinharia que a vida seria a sua terapia. A solidão é armadilha, mas a vida é, sim, a terapia, embora ele se confunda no precipício entre as duas. Por vezes ele se perde e cai nos buracos que ninguém mais viu ou sentiu, mas há dores e amores que rimam no silêncio. Ele rima nos olhos calmos para fora e inquietos para dentro. Já dizia o poeta Fernando Pessoa: "quem tem alma não tem calma". Não falta alma para ele, mas lhe faltam certezas. Ou, quem sabe, sejam tantas e tantas que parecem distantes. Será que uma única vida é o bastante viver todos os planos, buscar todos os sonhos e casar com todos os amores? Será que uma única vida é o suficiente para trazer de volta um único amor? E ele se pergunta, com os passos calmos, despreocupados, a alma transparecendo na inquietação das palavras faladas, se é possível mesmo viver tudo de uma vez só e dar certo... Será que a vida, enfim, dará certo?
Ele gosta dos bastidores. Desce criança é um menino por trás dos panos, dos fatos, dos acasos. Não é tímido, nem contido: é vítima da mania de querer olhar até encontrar, mesmo sem saber o que procura. E ele, que pensa tanto, às vezes esquece de pensar até perceber que já é tarde demais. Ele, que abre os braços para um abraço eternamente como a criança que é buscando e dando abrigo, quer mesmo é descobrir onde se encaixa sem deixar espaço sobrando.
Um dia, muito de dia, eu conheci um menino. Quando ele fala nem se imagina tudo que ele cala. Quando ele faz sorrir jamais se supõe tudo que ele deixou partir. Quando ele elogia todas as moças, morenas, loiras, ruivas ou carecas, não se conclui quanta razão ele tem e como o coração já apanhou de saltos que ele mesmo presenteou. "Infortúnios do amor": ele merecia um livro com tal título.
Ele me ensinou muito além dos contrastes de uma imagem congelada. Ele é uma confusão, mas nega. Ele é uma complicação, mas nega! Ele é romântico, mas também nega: parece um Pierrot enganado pela Colombina.
Era uma vez um menino como muitos outros que não sabia como era triste crescer. Entre uma história e outra ele sempre se joga de paraquedas e fica sempre no ar a pergunta sem resposta: foi romance ou aventura?
Mas não, ele não é o maior idiota do mundo, é só uma armadura.
Quando era mais novo nenhum psicólogo adivinharia que a vida seria a sua terapia. A solidão é armadilha, mas a vida é, sim, a terapia, embora ele se confunda no precipício entre as duas. Por vezes ele se perde e cai nos buracos que ninguém mais viu ou sentiu, mas há dores e amores que rimam no silêncio. Ele rima nos olhos calmos para fora e inquietos para dentro. Já dizia o poeta Fernando Pessoa: "quem tem alma não tem calma". Não falta alma para ele, mas lhe faltam certezas. Ou, quem sabe, sejam tantas e tantas que parecem distantes. Será que uma única vida é o bastante viver todos os planos, buscar todos os sonhos e casar com todos os amores? Será que uma única vida é o suficiente para trazer de volta um único amor? E ele se pergunta, com os passos calmos, despreocupados, a alma transparecendo na inquietação das palavras faladas, se é possível mesmo viver tudo de uma vez só e dar certo... Será que a vida, enfim, dará certo?
Ele gosta dos bastidores. Desce criança é um menino por trás dos panos, dos fatos, dos acasos. Não é tímido, nem contido: é vítima da mania de querer olhar até encontrar, mesmo sem saber o que procura. E ele, que pensa tanto, às vezes esquece de pensar até perceber que já é tarde demais. Ele, que abre os braços para um abraço eternamente como a criança que é buscando e dando abrigo, quer mesmo é descobrir onde se encaixa sem deixar espaço sobrando.
Um dia, muito de dia, eu conheci um menino. Quando ele fala nem se imagina tudo que ele cala. Quando ele faz sorrir jamais se supõe tudo que ele deixou partir. Quando ele elogia todas as moças, morenas, loiras, ruivas ou carecas, não se conclui quanta razão ele tem e como o coração já apanhou de saltos que ele mesmo presenteou. "Infortúnios do amor": ele merecia um livro com tal título.
Ele me ensinou muito além dos contrastes de uma imagem congelada. Ele é uma confusão, mas nega. Ele é uma complicação, mas nega! Ele é romântico, mas também nega: parece um Pierrot enganado pela Colombina.
Era uma vez um menino como muitos outros que não sabia como era triste crescer. Entre uma história e outra ele sempre se joga de paraquedas e fica sempre no ar a pergunta sem resposta: foi romance ou aventura?
Mas não, ele não é o maior idiota do mundo, é só uma armadura.
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