Procura-se um pseudônimo

Procura-se quem assine pela dor. Quem assuma o amor louco e desenfreado por aqueles olhos escuros, justificando todo e qualquer ato desesperado, toda e qualquer insegurança. Uma alcunha que esconda quem há por trás da tristeza, da insensatez, do coração apaixonado, dos sonhos lúdicos, das utopias de levar a vida como se leva um livro de ficção científica para a escola. 

Um pseudônimo para ser o dono das olheiras causadas pela insônia, vitima fatal de uma mente inquieta. E que o pseudônimo seja também o dono da mente inquieta, encoberta pelo silêncio típico. Um pseudônimo para assumir as falas perigosas, lançar os olhares incriminatórios e não ter medo de dizer "não": que sobreviva das negativas e das portas fechadas e saiba tornar isso bonito de um jeito que quase não é.

Procura-se um psedônimo livre, que possa habitar em todos os cantos, que não se prenda às perguntas sem respostas e não se importe em soar desinteressado, entendendo que o mundo, na maioria das vezes, na vale mesmo uma linha do caderno. Um pseudônimo para responder pela alma viajante, pela compulsão por palavras e o fraco por lugares frios.

Procura-se uma forma de escapar de cá e de lá: um pseudônimo para si. Para gargalhar da própria biografia e chorar com os parágrafos em branco. E que coloque o seu nome ao final das verdades que assombram, mas, necessárias que são, não podem ficar de fora; que não tenha medo de dizer mil vezes "eu amo você" e nem de se repetir nas palavras de amor para aquele único amor. Que seja o responsável por transformar o platônico em real.

Procura-se um pseudônimo que permita falar sem medo do que pode (lhe) causar.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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