Falando sério...

falando sério by Claudia Leitte on Grooveshark
"Falando sério, é bem melhor você parar com essas coisas de olhar pra mim com olhos de promessas…"
 
Não me olhe assim, pois eu acredito. Minha esperança mais forte que meus pés no chão, meus olhos que falam de solidão, meus sonhos a dois sem dormir: todos acreditarão. Eu irei, eu ficarei, eu viajarei em mim, em ti, pelo mundo. Você pede, eu faço, você quer? Ah, eu (me) dou para as tuas promessas. Experiências passadas não me freiam, não conseguem me manter cárcere, por mais que eu pare na esquina e olhe duas vezes antes de atravessar. Mas eu atravesso, e o risco é sempre iminente. Falando sério, eu ainda acredito nas impossibilidades, nas falas, nos beijos e abraços. E, se me olhares bem, eu  sou esperança do fio de cabelo até a ponta do pé.

"Você não sabe, mas é que eu tenho cicatrizes que a vida fez…"

E meu baú é fundo, é largo, é meu, tão e somente meu. Minhas feridas me denunciam, mas eu me calo. Meus aprendizados me sussurram desconfianças, medos, abandonos, nostalgia de outros tempos. E você não sabe, meus amigos não sabem, os vizinhos não enxergam, as orações não me ouvem. Tudo machuca como se fosse o fim, e todo dia é recomeço. Por entre passados e dores, por entre dias marcados e dias perdidos… Pelos dias a serem ainda perdidos ou recuperados: não sejas cicatriz, mas sejas tatuagem.

"Eu não queria ter você por um programa, apenas ser mais uma em sua cama, por uma noite apenas, nada mais…"

Se eu deitar por aí, não levanto. Vai meu corpo, fica minha alma. Se me deixares entrar, não me venhas pedir para sair. Porque o preço é alto, mas eu sempre sonhei com a riqueza… Eu sempre quis além de uma noite, além dos fatos, das verdades estampadas na cara de bebida, da vontade, convivendo com dores de saudade, com vergonhas da ressaca, com impactos de realidade. Eu quero mais do que a cama, quero pés descalços pela casa e pela areia… Quero fotos espalhadas pelos quadros e cartas guardadas na gaveta. Coisas, meu amor, que uma noite só não nos deixa construir, apenas sentir o sabor na ponta da língua e queimar quando o sol acorda.

"E ter a vida inteira pra me arrepender…"

E se eu tiver que ter a vida inteira para me arrepender, que seja essa. Pelos olhos de promessas, pelo canto da boca que você toca sem pedir, pelas marcas que escondo de ti e até de mim, pela noite e pelo dia: eu quero o gosto desse arrependimento. Se for para te cuspir, que antes eu possa te provar. Se me arder até a alma, do chão não vou passar. A sala da UTI já é minha, meus pertences já fazem moradia. Não há quem não me reconheça no hospital do coração partido. Se for para doer, ao menos deixa ser.

Falando sério, meu amor, eu nunca cantei tanto com as janelas e portas abertas.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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