Tem um monte de coisa sobre mim que talvez eu nunca vá conseguir te explicar. É um pouco sobre a minha insônia, mais um pouco sobre os meus sonhos e um pedacinho sobre os meus silêncios. E por mais difícil que seja amar aquilo que a gente não entende, me ame mesmo assim. Me deixa ser egoísta e não querer te dividir com o mundo lá fora, que é sujo e desonesto. Me deixa te proteger da solidão que nem eu sei me desvencilhar. Por isso mesmo, pela incoerência, é tudo incompreensão, mas tudo bem: é justamente na incompreensão que mora o amor. É em querer decorar o movimento dos seus olhos se abrindo e fechando, o intervalo de segundos dos batimentos do seu coração, os seus gostos, os seus desgostos... É em tudo o que a gente luta para levar consigo e não morrer de saudade. O cheiro, a voz, o gosto, a mania, a textura... É não te confundir com mais ninguém neste mundo e mesmo assim desejar que em cada esquina seja você. Até que é, e já posso parar de apenas sonhar. Porque o amor também é realidade misturada com ficção. Mas nesse filme o final fica para amanhã, e depois, e depois, e depois e... Deixa sem final, porque essa palavra assusta, porque o medo também é amor. Ninguém entende. Eu não posso te explicar, faltei a todas as aulas que nos ensinam a amar somente até onde se pode controlar. Na verdade, eu nunca quis assistir nenhuma delas. Hoje, eu sei que querer te falar de mim é quase nada perto do resto. Hoje, poder te falar de mim e te ver descobrir o que não falo, é a sorte que eu nunca encontrei para tentar na loteria. É quem eu nunca encontrei pra me livrar de mim. Eu nem sabia que você existia e já posso me ver te recriando mil vezes em qualquer outra vida, só pra ser de novo feliz assim, te pedindo sempre pra ficar mais um pouco.
E de todas as coisas sobre mim que eu queria saber como te contar, é do nosso amor que eu mais gosto de falar.
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