Um filme?

É só mais um filme bonito que a gente não vai assistir. E não vai porque não deu tempo, ficou pra depois, não era hora certa, ah, hoje eu não quero, não posso. Não deu porque vai ficando, entende? A maioria das histórias é assim, e eu detesto ser como a maioria das histórias, detesto ser estatística, porque sempre que olho para o lado, pronto, já se perderam. Tudo bem, o filme pode ser só uma suposição, ou não. Pode ser só um jeito criativo de fugir e ao mesmo tempo encarar que a gente se deixa perder. Ou não. Pode ser só a realidade batendo na porta e a gente vai deixando ir. Os outros, aqueles todos que eu conheço, deixam-se, perdem-se no bom dia, boa noite, um beijo aqui, um carinho, fica só mais cinco minutinhos, espera, me olha de novo, volta, dá mais um beijo, briga comigo depois faz as pazes, me perdoa, pede perdão, diz que me quer. Diz alguma coisa.

É tão fácil se deixar ir, fingir que nem está vendo... Virar vento, virar a esquina... Ir. Até o dia em que a gente acorda e percebe que o mundo inteiro reparou naquilo que deixamos ir. O valor que não demos, está por aí. É como a vida que não vivemos bem: perde-se. Percebemos que deixamos de perceber, e é exatamente por isso que eu te imploro: vamos assistir um filme bobo qualquer dia desses? Só para nos percebermos... Só para não deixarmos ir.

As minhas metáforas nem são tão difíceis assim de se entender.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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