Para enlaçar

Eu soltava o laço e você amarrava. Uma metáfora bonita do dia a dia. Um amor de cor bonita, enrolado, enlaçado e distraído. Podia ser um sonho, mas era tão verdade que a gente nem percebia.

Ao fundo você deixou o computador tocando na playlist automática alguma daquelas músicas calmas em inglês que você tanto gosta. Eu não tomei o café por me distrair com as suas histórias. Você perdeu a página do livro que lia pra me dar mais um beijo. Nessas horas parece tudo tão calmo que mal se confunde com as mesmas duas pessoas que todo mundo vê por aí sem saber para onde vão. É como se a gente precisasse colidir para acalmar.

Eu tiro o seu óculos e você não entende... Eu só quero ver por trás das suas lentes. Eu quero te ver com esse olhar de quem não sabe o que fazer quando eu digo que preciso voltar pra casa ou que só daqui uns dias pra gente se ver de novo. Eu quero te ver confessando cada vez mais, dia após dia, que gosta de me ver chegar. E qualquer dia desses até, quem sabe, me pede pra ficar.

Eu solto o laço que é pra ver se você me olha. E lá vem você me olhar, sorrir, fazer careta, enlaçar de novo o símbolo do nosso carinho. Eu solto o laço que é pra você entender que não vou te prender, mas que te espero pacientemente nos amarrar de novo e de novo. Não vale de nada, meu bem, esperar que as pessoas fiquem, mas vale de tudo abrir as portas para que elas entrem.

As pessoas dizem: "ou você acredita no amor ou não acredita". Eu não sei o que é amor além de laços, de músicas ao fundo, do seu livro preferido ou das histórias de como você aprendeu a tocar aquele instrumento... Eu não acredito no amor; eu acredito em nós. É como quem cria a própria religião, mas ainda não sabe muito bem como rezar.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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