A capa que revela e esconde...


Eu olhei o livro na vitrine e logo a capa me chamou atenção. Não entrei na loja porque essa minha compulsão por livros ia me fazer gastar o dinheiro que não tinha, mas guardei bem o nome dele, que agora não vem ao caso. Passei o dia com ele na cabeça imaginando como seria. Logo que cheguei em casa tratei de pesquisar sobre o que se tratava. O que aconteceu? Decepção. Era um dos raros tipos de livros em que o enredo não me atrai. Conclusão: julguei o livro pela capa. Ok, isso seria tudo se não fosse apenas uma pequena parte da história.
Quantas vezes por dia nós não fazemos o mesmo com tantas pessoas que passam? Julgamos pela capa. A aparência é o que passa a contar mais. A primeira imagem que fica na maioria das vezes. Não é difícil nos vermos surpreendidos ao percebermos que uma pessoa é totalmente oposta ao que achamos que ela era. É que achamos demais, cogitamos demais, julgamos demais. Nunca conseguimos pensar que aquela é apenas uma pessoa, assim como cada um de nós. Sempre tem aquele mais maldoso que já sai falando que a pessoa parece ser assim ou assado sem nem ter dado a chance de ela abrir a boca. Custa dar o benefício da dúvida? Eu acho que não. Mas eu sei, e assumo, que julgamos mais do que deveríamos. E também somos julgados. Cada pequena atitude de nós faz com que a nossa imagem possa mudar a todo momento.
O que eu sei mesmo é que nunca vai se conhecer alguém por completo. Nunca, por mais que existam todos julgamentos do mundo, enxergaremos todas as páginas existentes por trás de uma capa. Vemos o que nos permitem ver. Mais do que isso, ninguém vê. Mostramos aquilo que achamos melhor, por questão de proteção ou qualquer outra. Somos para os outros apenas metade do mundo que reside em nós. E, por isso, eternamente julgaremos. Por nunca sabermos o que realmente nos espera do outro lado, inventaremos histórias mirabolantes de alguém que nem o nome sabemos. E também, convenhamos, julgar é muito mais fácil do que se olhar no espelho. Encarar a história que alguém parece carregar, é muito mais conveniente do que encarar a própria história.
Nessa história que começa com um livro e termina com um espelho, eu só quero dizer uma coisa: isso aqui, é um muito do pouco de mim.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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