O novo velho amor...


Hoje fui almoçar em um restaurante e acompanhei algo no mínimo interessante. Sentou atrás de mim um casal de idosos, apenas os dois. Certamente eram conhecidos já no local, pois os garçons os chamavam pelo nome e perguntavam onde estava o resto, e eles diziam que hoje seria apenas os dois. Enquanto eu comia, conseguia ouvir muito bem a voz deles por estarmos realmente perto e eles falarem num tom não muito baixo. Era incrível como um implicava com o outro. Ela começou a contar uma história e ele interrompia, irritando-a profundamente. Perdi as contas de quantas vezes ouvi ela dizer 'me deixa terminar, para de me interromper porque eu to falando'. Ou então ela dizia já braba: presta atenção! Outras vezes era ele quem falava e ela quem implicava, fazendo-o dizer para ela parar com isso. Volta e meia ele chamava o garçom para pedir algo e ela dizia para ele comer direito sem chamar ninguém, e ele dizia 'para, me deixa falar'. E eles falavam nitidamente bravos. Porém, segundos depois já voltavam ao normal e com uma sintonia incrível na conversa. Foi impressionante. Nunca vi tanta briga e tanto amor junto.
Fiquei pensando quanto tempo eles já não vivem assim. A julgar por toda a cena, a idade que aparentavam e a linda aliança que os dois carregavam, deve ser bastante tempo. Quem nunca se imaginou assim, brigando e amando tanto alguém por longos e longos anos? Mas, sendo sinceros, quem aguenta hoje em dia? Ali era amor. Eles sabiam que era amor, independente do tempo que tivesse passado. Todo mundo quer amar, quer ser amado, mas ninguém exerce a paciência necessária. Ama hoje e já não conhece mais amanhã. Isso é mesmo amor? Podem dizer que é careta, mas eu acho mesmo que é lindo o tipo de amor que eu presenciei hoje. Tanta gente vai passar pela vida sem nunca encontrar alguém assim, que aceite com qualidades e defeitos, que irrite e não dê vontade de abandonar mesmo assim, que ame por completo, incondicionalmente.
Amor é esse abrigo que um passa a enxergar no outro por toda a vida, e isso é o que se perdeu, essas propriedades básicas de cuidar do outro como cuida de si mesmo e aceitar que assim como você, ele também é humano, tem defeitos, erra e nem sempre vai estar em um bom dia. Se daqui uns bons anos eu puder repetir aquela cena como protagonista, sei que tudo o que se passa por um amor vai ter valido a pena. Se eu for capaz de amar alguém que segure firme no meu braço para se levantar como aquela senhora fez, sei que tudo estará bem. Mas acredito mesmo que o amor está solto por aí. O que falta é termos menos paredes para enxergarmos e mais coração para sentirmos. O resto, o olhar reconfortante do amor da nossa vida, dará um jeito.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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2 comentários:

  1. Baita texto, Camila. Conquistasse mais um leitor.

    :)

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  2. Muuito obrigada Pedro *--*
    Valeu mesmo por seguir e fico feliz demais em saber que tenho leitores hehe :)

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