Os conhecidos desconhecidos.


Fico observando as pessoas passando na rua. Observar tudo é quase uma arte para mim. Uns passam rápido demais e nem olham o arco-íris que surge.  Acabam perdidos na pressa do dia a dia e perdem a simplicidade de tudo. Outros tem o olhar aflito, disperso. Ainda tem aqueles que andam sorrindo com o pensamento longe sem nem perceberem. Tantas pessoas, tantas histórias. Eu gosto de ficar imaginando histórias, pensar no motivo do sorriso ou da lágrima dos que passam. Será que foi promovido, passou na prova, vai ter um filho, está apaixonado? Ou será que perdeu alguém importante, teve um briga feia, foi despedido ou só anda com um vazio daqueles sem motivo? É estranho pensar em quantas pessoas incríveis passam por nós todos os dias e talvez nunca venhamos a conhecê-las.
E depois de tanto cogitar a vida dos outros, eu me pergunto: o que será que veem em mim quando eu passo? Porque eu sei que não deixo transparecer muito as coisas e engulo muito choro, mas será que imaginam tanto a minha história também? Não sei... Nessas de observar os outros, enxergamos muito de nós. Naquele olhar triste, reconhecemos o nosso. Naquele sorriso bobo de quem se apaixonou, reconhecemos o nosso identicamente apaixonado. Somos também aqueles apressados que esquecem as coisas simples e fáceis da vida. Reconhecemos um mundo inteiro que nunca conheceremos. Deixamos que um sorriso ingênuo de um desconhecido nos contagie, e isso pode fazer uma diferença especial no nosso dia. Levamos conosco a tristeza daquele que passou com o olhar triste e a cabeça baixa, enquanto nós estávamos tão bravos com algo pequeno qualquer.
Vamos passar a vida inteira sem conhecer metade das pessoas que compartilham do mesmo mundo que nós, mas isso não quer dizer que viveremos para sempre sem influenciar e nos deixarmos influenciar por todos. No fim, mesmo sem saber, somos todos uma coisa só. Somos todos um amontoado de sentimentos, momentos, lembranças e pessoas. Somos esses sorrisos bobos, essas lágrimas vazias ou esses passos sem direção. Somos todos diferentes, e por isso, apenas por isso, somos tão iguais.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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