"O que mais floresce é o amor"


Clima gauchesco? Mais ou menos... Hoje vi uma cena interessante. Aliás, vi uma cena que me levou a outras mil. Em meio a uma apresentação gauchesca, uma mãe ensaiava uma dança com o seu filho no colo, que não chegava a ter um aninho. A criança estava devidamente caracterizada como bom gaúcho que é desde sempre! A mãe dançava e sorria como se nada a fizesse mais feliz no mundo. O pai, também com um enorme sorriso no rosto, tirava inúmeras fotos dos dois. No momento em que viu o pai chamando sua atenção para a foto, o filho sorriu espontaneamente. Se o mundo acabasse ali, eles não achariam problema em nada. Parece uma cena típica de filme ou final de novela das nove, mas não é. É coisa real mesmo.

Naquela cena eu enxerguei todos os tipos de amor que pude. O amor pela terra em que nasceu começando pela mãe e passando para o filho que pode não saber falar, mas já sabe bem de onde veio! O amor à tradição, aquela coisa que nós, gaúchos, tanto gostamos de cultivar. Aquele amor pelo passado aguerrido, pela história mistificada e até enfeitada. É amor porque gaúcho que é gaúcho sabe do que se trata isso. Havia ainda o amor de uma família que pode – e deve – ter os seus problemas assim como a minha e a sua, mas que transmitia uma leveza no sorriso e um brilho no olhar de quem realizou o sonho de ter uma família que ama. Ali era amor porque todos que olhavam a cena, assim como eu, também sorriam junto com eles. Amor de família, aquele que parece que vai ir embora toda hora de tanto problema e volta sempre mais forte de tanta dependência. Depois ainda enxerguei o amor entre aquele pai e aquela mãe. Uma hora ela sorriu para ele de uma maneira tão confidente que eu nem vou tentar explicar. Era amor justamente por não ter muita explicação.

Não sei a história deles, não sei nada da vida deles. A única coisa que sei é que aquela cena não foi escrita, encenada, planejada ou forçada. Ela foi acontecendo conforme a música tradicional tocava ao fundo e a mãe acompanhava os passos com o filho no colo e o pai orgulhoso registrando cada segundo. Ali era amor. De todos os ângulos e formas. Quem via, reconhecia. Eu queria poder ter registrado a cena. Para falar a verdade, eu queria poder viver um dia uma cena dessas.

O amor está solto por aí nas coisas que nem percebemos. Ele está em um olhar trocando segredos, um sorriso registrando felicidade ou uma música fazendo florescer todas aquelas coisas que nada explica. O amor é assim, sem tempo, sem planejamentos e sem palavras que traduzam uma mera imagem. Amor é aquilo que você sente quando abraço o amigo, revê os pais, brinca com o seu cachorro ou encontra alguém especial. Amor é amor, livre de qualquer julgamento. O resto? Ah, o resto é só bobagem.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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