Resolva-se, e me ensine...


Não gosto de passado mal resolvido. Pronto, falei. Se algo tem que acabar, que acabe bem resolvido. Sem aquela historinha de não saber bem o que aconteceu, deixar o assunto para ser resolvido depois ou ficar sempre com alguma coisa para dizer. Claro que seria muito mais fácil se tudo fosse como na teoria e os fins não doessem tanto. Mas doem, incontrolavelmente. Só que também não dá para ficar deixando histórias pela metade. Ou fica completamente dentro ou fica completamente fora. Lembranças existem, marcas ficam e algumas cicatrizes chegam a não curar... Porém, ficar preso no passado o tempo inteiro só nos impede de seguir em frente.
Eu sei que ficou confuso, mas está dando para entender? O que eu quero dizer é que não dá para passar uma vida toda querendo ter dito algo, querendo entender o que a outra pessoa achava daquilo, querendo buscar explicação para o que aconteceu. Não é assim que funciona. Você vai passar por alguém, o coração vai apertar de saudade, talvez, e a sua cabeça vai ficar se perguntando o que aconteceu para hoje em dia nem se cumprimentarem. Você vai olhar aquele cara com outra namorada e ficar pensando se ele também acha que o motivo da briga de vocês foi tão idiota. E aquele sonho tão particularmente seu que você deixou pela metade e até hoje pensa no quão longe poderia ter ido se não desistisse dele? Mil hipóteses nos levam a nunca resolvermos nada.
Não adianta tentar adivinhar o que se passa na cabeça dos outros ou como a vida poderia ter sido. Também não adianta acreditar que o tempo vai resolver aquela conversa mal esclarecida, porque ele não vai. Tudo isso que fica como se não estivesse ficando, pesa demais dentro de nós. Precisamos aprender a fugir menos e encarar mais as coisas, colocar tudo em panos limpos, admitir os erros, perdoar e deixar a alma e o coração leves antes de virar as costas e seguir a vida. Tem que acabar? Ok, quase tudo acaba. Então, que acabe dignamente, sem hipóteses. Que acabe porque tinha que acabar. Passado é mesmo uma coisa desgraçada e que nos puxa a toda hora, pode ter certeza disso. Nós apenas não precisamos ficar vivendo dele. Tocando fundo na ferida, quantas coisas você não se viu obrigado a largar de mão por falta de uma simples conversinha? Pior ainda, quantas pessoas você não deixou irem embora por não falar tudo o que tinha para falar? É, eu sei que pensar nisso fez surgir um nó na garganta. Comigo é assim também.
Esse meu discurso de vamos lá, resolvam suas vidas decentemente, é muito bonito, mas nem sempre verdadeiro. Pergunta se eu tenho coragem de remexer em certas coisas? Não, claro que não! Um dia espero ter. Um dia espero ter cabeça boa para todos esses casos mal resolvidos da vida. Desejo o mesmo para você.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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