Assim, escrevendo...



"Essa é a maneira que eu consigo me expressar: sentando aqui e escrevendo. “Dizendo” que eu acho um saco essa coisa de nunca ser suficiente para mim, para você e para o resto do mundo. “Dizendo” que eu sequer deveria me importar com o resto do mundo, e acho isso um saco também. “Dizendo” que todo conto escrito tem um pouco de realidade. “Dizendo” que me acho tão frágil, mas tão frágil, que às vezes me escondo do vento com medo de ele me derrubar. “Dizendo” que outras vezes seguro tanto choro que até penso ser forte. “Dizendo” que sou feliz demais, mas dou tanta bola para tristeza que nem me entendo. “Dizendo” que não sei abandonar nada e fico carregando tudo nas costas. “Dizendo” que sou pouco para mim e muito para os outros. “Dizendo” que não importa o que digam, nada do que eu escrevo sai bonito. “Dizendo” que eu queria viajar, ir sem rumo explorando o mundo, mas não sou tão independente a ponto de fazer isso. “Dizendo” que eu não canso de sonhar acordada. “Dizendo” que me importo muito e mascaro que não. “Dizendo” que odeio a mania de reviver tanto o passado nessa minha mente inimiga. “Dizendo” que meus olhos brilham com coisas tão poucas que me acho boba. “Dizendo” que não me entendo e larguei de mão faz tempo. “Dizendo” que nada mais é triste, é tudo obra do acaso. “Dizendo” que ainda sei sorrir com a alegria vinda lá do fundo, e isso me parece tão incrível. “Dizendo” que há dias em que passo tempo demais só escrevendo e não vivendo. “Dizendo” que não sei fazer outra coisa. “Dizendo” que todas palavras são meus gritos de amor, apelos de ajuda, tentativas de encontro, choros de saudade e confissões de culpas. “Dizendo” que eu só sei dizer, escrevendo."

Todo esse processo de escrever, é meio louco para mim. Vem tudo de dentro, do coração, da cabeça, da imaginação, de nem sei mais onde... Eu sempre digo que poderia passar 24 horas por dia escrevendo, e é verdade, eu poderia. Nesses últimos dias eu andei numa guerrinha interna: não queria escrever. Se eu pudesse, se eu conseguisse não escrever, não teria escrito nada nessas últimas semanas. Porém, não consigo. Eu sempre acabo escrevendo. Talvez isso seja essa nossa mania de sempre querer lutar contra o que temos de bom, de sempre tentarmos sabotar nossas próprias qualidades. Coisas normais, espero.

Para mim, na minha vida, escrever é uma coisa tão importante que precisa vim lá do fundo, espontaneamente, então, por isso, não quis forçar nada. Esperei fluir. Esperei porque tudo que se fizer na vida, é preciso fazer de verdade, é preciso fazer com corpo e alma. E comigo, especialmente, as coisas só funcionam dessa forma. Não adianta dedicar uma vida às coisas e sonhos que não possuem força dentro de nós. E isso de escrever, tão comum aos outros, tem uma força do tamanho do infinito para mim. Desacreditei um pouco de mim, é verdade, desacreditei da minha capacidade de brincar com as palavras, de fazer elas terem sentido, mas nunca duvidei da força delas. Nunca duvidei que uma frase tem vidas por trás dela. Escrever é mágico, é realmente mágico. Ler também é. Gosto dos dois. Um me faz acreditar no outro. Um me leva ao outro. Ando desistindo de desistir de escrever. Confuso... Confuso como tudo que costumo ter dentro de mim, espero que seja possível entender.

Minha lição, que nem vem de hoje, é essa: dar tempo e acreditar. Tempo para as coisas voltarem, irem, entrarem nos seus devidos lugares. E acreditar. Acreditar que todas as coisas além do nosso entendimento, vão chegar longe. Quando as palavra fazem um turbilhão na minha cabeça e eu começo a escrever, vai além do meu entendimento, muito além... De agora em diante, só vou acreditar que há um sentido, porque tem que haver, é preciso sempre haver, mesmo que nenhum de nós consiga enxergar claramente.

Esse "textinho" do início foi meu desabafo algum dia desses. Meu desabafo para mim mesma. Meu desabafo que me gritou: certo ou errado, bem ou mal, é só isso que tu sabes fazer. E assim, eu faço. Uns desenham, eu escrevo. Uns cantam, eu desenho. Uns fazem sei lá o que, eu escrevo. Seja como for, só acredite, lá no futuro tudo se justifica.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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