Do bem e do mal



Ou você é bom ou você é mal, certo? Errado! Ninguém é santo ou vilão o tempo inteiro, há uma porcentagem para cada coisa. Claro que eu me refiro às pessoas “normais”, tipo eu e você – assim espero -, excluindo psicopatas e derivados do assunto. Eu me refiro aos humanos, gente como a gente, que também erra, magoa, tenta consertar e piora tudo, que também sente pontadas de inveja e até deseja que o outro caia do cavalo para aprender como a vida realmente é. O que? Você não sente inveja e nunca desejou a “desgraça alheia”? Ok, você não é humano, pode parar de ler por aqui. Óbvio que ninguém fica desejando que a criatura morra, mas, quem sabe, que ela tropece em alguma festa por aí, não é verdade? Ou vai dizer que nunca escutou que aquele “inimigo” – palavra forte de se usar – se deu e mal e não soltou um “bem feito”? É assim que as coisas acontecem, é assim que destilamos nosso veneno. Alguns extrapolam, vão além, chegando ao patamar de usar o outro, mentir, difamar, machucar por maldade alguém que só tinha um bom coração. Acontece com todo mundo, e se ainda não aconteceu com você, cuidado: o mal vive solto e não dá aviso prévio. Nunca confiei em gente que só sorri e fica agradando todo mundo. Santinho ninguém é. Todos, querendo ou não, são reféns de um passado que jamais enterramos por completo.

Eu já magoei muitas pessoas que não mereciam. Já menti sim, já senti minhas invejinhas ridículas, já dei uma de criança para levar a melhor e fui muitas vezes a errada da história. Tive meus motivos, ainda que certas coisas nunca tenham justificativas. Cresci, amadureci partes minhas que agora se acostumam a praticar o bem, mas, perdoem-me, sou humana! Ainda continuo cometendo meus erros imbecis. Aprendi muito a pedir perdão do fundo do coração e também a perdoar quem errou e não queria errar.

Temos dias de pura bondade e dias de pura maldade. É que somos seres humanos, temos sede de vingança, vontade do que não podemos ter e também nem sempre acertamos nas nossas boas intenções. Em nós existe sempre um eu-culpado-inocente e um eu-culpado-culpado. A diferença, aquilo que define quem você é e o quanto o seu coração fala mais alto, é a forma como você tenta sempre fazer o primeiro eu ser maior do que o segundo. Errar sempre erraremos. Com que intenções erramos é que modifica toda uma história. Você sabe que já aprontou, sabe que tem birrinhas antigas com o fulano ou a fulana, carrega aquela velha vontade de socar a cara de alguém – mesmo defendendo a política de paz e amor – e nem sempre consegue perdoar os erros de outras pessoas. Você não é perfeito, eu também não sou. Somos todos de carne e osso, volúveis, errantes para toda vida e temos sangue quente correndo nas veias. Temos os clássicos anjinho e diabinho na nossa consciência o tempo inteiro. Não se pode fugir de nenhum dos dois, eles sempre nos alcançam.

Sei que você não deve ser a pior pessoa do mundo. Sei também que errar, com ou sem intenção, é algo que está impregnado em todos nós. Tem vezes que somos anjinhos demais quando deveríamos deixar o diabinho agir, e vice-versa. É difícil achar a dose correta de cada um, não se preocupe. E tenho até uma tese: quer ser bem do mal, inteiramente do mal, então seja, por completo! Não adianta vir com aquele papinho de amo todo mundo, acho tudo um absurdo e nunca fiz isso ou aquilo. Fez sim, fez que o passado condena e comprova! E, se não fez, foi por falta de coragem, aposto. Essa coisa de se fazer de bonzinho e amiguinho não cola comigo. Já vi muito para hoje em dia saber reconhecer de longe um olhar de cobra escondido por trás de um rosto angelical.

Então é isso, quer ser ruim comigo, pode ser, mas não finge, faz tudo de cara limpa. Faz porque me odeia declaradamente! Faz porque eu sou humana e tenho minha sede de vingança vez ou outra também – ainda que nunca saiba fazer isso direito e até deixe de lado. Ninguém é duas caras por possuir o bem e o mal dentro de si. Pelo contrário, somos todos uma cara só por termos essa velha imperfeição de tendermos aos dois lados. Você é do bem e também pode ser do mal. Você só não pode tentar ficar na corda bamba do fingimento, entendeu?
Compartilhar no Google Plus

Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários:

Postar um comentário