Sobre o que não sei escrever



Não gosto de escrever sobre amizade. É como se tudo que eu escrevesse fosse em vão. Nenhuma palavra consegue ficar próxima do que realmente é. Mas hoje, de alguma forma, eu quero escrever sobre isso. Sempre considerei meus amigos como a minha família.
É interessante ver que depois de um determinado tempo aprendemos a deixar permanecer só quem realmente acrescenta. Tem gente que nós procuramos enxergar o melhor porque amamos, mas que no fundo só nos sugam e acabam mesmo é nos fazendo mal. Acontece, é da vida. É o tipo de coisa necessária para vermos quem realmente nos ama e quer o nosso bem. E não basta apenas querer o nosso bem. Amigo de verdade também luta pelo nosso bem, custe o que custar. Amigo não precisa de chamado, ele vem porque sente que é solicitado. É quem fica do nosso lado na hora da bola fora e do sufoco. É quem nos aceita e não vai embora pelos erros. É aquele que não julga, tenta entender e é nossos olhos quando estamos cegos. E é engraçado como os amigos nos escutam até quando não estamos falando. Já imaginou como seria se as mulheres fossem no banheiro sem amigas? O banheiro seria inútil. Já imaginou homem ir ver jogo de futebol sem os amigos? O jogo seria inútil também. É os amigos que fazem certas coisas terem a dimensão que elas tem. Amigo deixa a aula suportável, o dia ruim alegre e a vida mais leve.
Claro que nossos amigos dão trabalho. Os meus eu admito: testam meu coração. Porém, não os trocaria por nada no mundo. Não são perfeitos. Sei bem o defeito de cada um, e, justamente por isso, eu os amos como são. Não me afeto se alguém me prejudicar. Mas não suporto ver provocarem um mínimo mal aos meus amigos, jamais. É a única coisa que me tira do sério.
Riqueza mesmo é ter um dia horrível e ganhar um abraço daqueles que silenciosamente te permitem chorar sem nem questionar nada. Riqueza é ver o amigo conquistando algo bom e sentir aquele orgulho de mãe dentro de si. Eu sou o tipo de amiga protetora. Ligo para dizer que amo, perguntar se a pessoa comeu bem ou estudou e para dizer que sinto saudade. Essas coisinhas simples e que me fazem até ser boba, mas que o meu coração exige que eu faça. Amigos também magoam e erram. Vocês não fazem ideia do quanto eu mesma já fiz isso. Mas, acima de tudo, amigos perdoam. Eles perdoam porque quando é amizade além de qualquer explicação, a gente conhece direitinho o coração e a alma do outro. E o perdão foi uma das maiores provas de amizade que vi até hoje. A gente sabe quando vale a pena deixar o perdão falar mais alto.
Amizade boa é aquela a base de muito xingamento e até tapas. Aquela coisa de dizer “eu não te aguento mais” com um sorriso que significa “nunca sai do meu lado” e de defender o amigo na frente de todo mundo e o fazer cair na real quando conversar cara a cara. E amigos dizem essas coisas todas numa troca de olhar. Porque se tem algo que eles entendem, é isso: trocas de olhares. São eternos cúmplices. Algumas pessoas simplesmente entram na nossa vida e nos marcam tanto que não entendemos porque elas vão embora. Um dia chamamos de amigo quem hoje não nos reconhece na rua. Eu prefiro acreditar que tudo tem um tempo e significado especial. Sem mágoas ou tempo perdido. Vai doer e ficar um espaço vazio, mas amigo de uma vida inteira segue conosco. E assim será para sempre. Se um dia me perguntarem do que mais sinto saudade na vida, vou responder que é de ter mais tempo. Mais tempo para cada pessoa importante, cada amigo que a vida me trouxe e até alguns que ela levou. Amizade não é sobre quem fica do nosso lado fisicamente. É mais do que isso. Amizade é sobre quem lê nossos pensamentos mesmo do outro lado do planeta. E é tão bom saber que existe sempre alguém disposto a nos dar um ombro para chorar e um sorriso a mais no nosso dia. É tão bom saber que moramos no lugar mais bonito do outro. É tão bom saber que as pessoas se perdem, mas os amigos ficam, definitivamente. Caso exista coisa melhor do que isso no mundo, eu estou dispensando. Seja como for, mesmo que a pessoa vá, amor de amigo nunca vai.
Terminando, acho que a vida são eternas idas e vindas de pessoas que chegam não sabemos como e vão sem sabermos menos ainda. Entretanto, há umas raras e poucas pessoas que virão e não irão. Em pensamento, em coração ou em vida: alguns, simplesmente ficam. Esses, eu sempre chamarei de "amigos".
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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5 comentários:

  1. Que coisa mais linda, nunca havia visto antes um texto que falasse sobre a amizade com toda essa extensão (no sentido de abranger tanto) e detalhes. Parabéns!

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  2. Muito obrigada... É tão difícil escrever sobre isso. Mas tentei o melhor que deu nesse texto hehe Obrigada mesmo!

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  3. Que isso, escreveu lindamente, cada palavra com um toque especial, tá de parabéns!

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  4. Coooisa maaaaaaaaaaaaaaaais linda de se ler!!!!!

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