Para não dizer que não lembrei de você

O tempo aqui está estranho, parece que irá chover. Torço para que chova. Você não gosta de chuva, eu sei. Então, faço assim: que chova aqui e faça um lindo sol por aí. Aliás, como andam as coisas? Você colocou os pés descalços na areia? Aproveitou a linda água do mar? Fez refeições saudáveis e tocou violão uma vez ou outra? Você olhou para cima lembrando de mim?

Você dirá que não lembrei de você. Que grande bobagem! Registro aqui a minha lembrança de todo o dia, quase toda hora. Volte logo... Diz mais uma vez que sou um anjo, porque por mais que discorde, é bom saber que você me vê assim. É bom ter você para ver as belezas em mim. Melhor ainda é te ver como o meu bem, que cresce como uma árvore protetora. As suas palavras me protegem, talvez seja isso. Um pouco mágicas, simples e distantes, mas sempre protetoras. Trate de aprender algumas músicas a mais nesses dias. O ano novo chegará, meu bem, e logo você precisará de um repertório inteiro para me acalmar. Ah, você não imagina o quanto estou precisando de calma! Bem sabes que nada tira minha serenidade, mas tudo, tudinho, é capaz de me acertar em cheio nas partes mais sensíveis. É quando você entra e diz que não é nada, fiz tudo certo e logo há de passar. E passa, com você falando sempre passa.

Estás lembrando muito de mim? Olhe fundo os pássaros no céu e lembre de mim, sempre querendo ganhar o mundo sem mal sair do lugar. Pense em mim como alguém que está pensando em você. Tive um dezembro tão amargo, engolido a seco enquanto rasgava as paredes da minha garganta, mas você adicionou doces de doçura que dariam inveja ao maior algodão doce que possas imaginar. Você é o meu bem, repito.

Você gosta de praia. Eu entendo que você goste. Mas sei que o frio daqui também lhe é bem-vindo, correto? Experimente esse frio, eu prometo que o meu coração é quentinho para você. Não te procurei. No frio onde moro, nunca te procurei. Mas creio que é assim que funciona: o lado quente nos surge. Você, meu bem, surgiu, quentinho para me fazer sorrir e acalmar. És o lado seguro que falta às palavras que crio. És lados meus bonitos demais para eu querer estragá-los.

Lembrei de você. Hoje, ontem, e desde sempre. Desde antes de te conhecer, sei que te lembro. Porque você fala pouco, mas exatamente o que preciso. Porque você some, mas volta. Porque você não me pergunta, mas me entende. Porque você não me vê, mas me sente na medida certa. Porque você é cheio de motivos que eu me perco desvendando.

Meu bem, ando precisando de você. Mas dezembro acaba e 2012 chega. Será que o mundo acaba? Será que você me abraça forte cantando Nando Reis para dizer "que a vida é mesmo coisa muito frágil"? Sei que o mês também lhe reservou tempos difíceis e ainda tem essas festas todas que não gostamos muito, mas partilhamos. Você me lê, eu sei que você me lê. Pior: o que não escrevo, você trata de adivinhar. O meu coração talvez seja um vidro bem transparente para você. Vidro por quebrar fácil, e transparente por te deixar ver tanto de mim.

Sinta saudades. Quando os fogos voarem longe em frente ao mar, torça por mim. Pense que estou fortemente torcendo por você. Deixe os fogos serem o meu sorriso. Por aqui, a música será você. As palavras também. Tudo o que for aconchego, lembrará você. Para não dizer que não lembrei de você, eu escrevo sem jeito para registrar que estavas presente na minha cabeça distraída e marcado no meu coração todo dolorido.

Para não dizer que não lembrei de você, eu sequer esqueci.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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1 comentários:

  1. "Para não dizer que não lembrei de você, eu sequer esqueci." Que lindo Camila, que texto lindo. Sem mais, você escreve tudo o que eu quero dizer!

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