As crônicas da minha vida cheiram a amor

A gente se apaixona por quem já é apaixonado.

Eu não disse “normal”, disse “apaixonado”. O malabarista do circo que ama o que faz, o cara que passa o dia escrevendo poemas loucos sem lucro, a mulher que sobe num salto agulha para ser advogada e anda de pés descalços porque ama a praia, o economista que só sabe sorrir na frente dos números, o amigo aquele que sofreu tudo que dava e segue tendo um sorriso tão alegre, a moça que leva no brilho dos olhos o amor por cozinhar, ler, olhar as estrelas, correr, costurar, viajar, desenhar, fazer quadros lindos que sequer irão para alguma galeira, fazer o outro sorrir, que seja, qualquer arte que visível ou invisível. que encante, contagie. Aquela arte que faz sorrir. Todo mundo precisa de uma dessas na vida, e é por causa dela - seja qual for - que já somos apaixonados antes de realmente sermos.

A gente se apaixona por quem ama algum pedaço bem pequeno da vida aos olhos do resto do mundo. E não é difícil entender… Gente azeda não gosta de nada. E pode se odiar um pouquinho também, querer ser melhor aqui ou ali, no caráter ou no estético, tanto faz: ódio anda colado no amor. Pode odiar até amar.
De resto, é tudo loucura, normalidade demais. A gente se apaixona por quem chora uma madrugada inteira pela gordura a mais do corpo, pelo documento que sumiu, pelo dia que deu errado, pela chuva que não deveria ter caído, pelo estresse do relógio… E mesmo tem um amor somente seu para recomeçar.

A gente se apaixona por quem já carrega no peito paixões para fazerem sorrir apesar de todos os pesares que nos atropelam.

Gente sem um algum amor escondido, não é apaixonante.

Enfim, a gente se apaixona por quem não tem explicação de já ser previamente apaixonado por algum canto bonito da própria vida.

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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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