Calando; amando


"Amar é ter alguém com quem estar calado."

Acabei de ouvir. A frase ainda está fresquinha na minha cabeça e alimentando mil filosofiass. Mas agora, passado o calor da escutá-la e tanto refletir, resta uma única conclusão: para que tantas reflexões, se o amor - calado - já fala por si?

Eu achava bobagem, porque a gente sempre pensa assim daquilo que ainda não provou o veneno e se estende nas enganações de achar que sabe demais. Tensionei a testa agora pouco me perguntando se a gente é mesmo capaz de suportar o tamanho e o vácuo do silêncio, mas a frase me faz repensar tudo novamente. Amor não fala: sente. Amor não mede os berros na hora da briga, mas sim os intervalos dos suspiros apaixonados na reconciliação. Amor não escuta o "eu te amo", mas enxerga o olhar quieto daquele que ama. Amor cala melhor em companhia.

Se o telefone tocar agora e qualquer silêncio ocupar mais o tempo do que as declarações, e mesmo assim o peito se aquietar e dormir em paz, é que o amor falou alto no espaço das respirações, sentindo a complexidade de falar, mas o aconchego de sequer precisar falar.

Que não nos faltem as palavras, mas que o perfeito silêncio de quem se suporta em silêncio possa nos traduzir.

Não amaria, além do seu silêncio, qualquer outro.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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