Adeus, encrenca!

Eu fiz tudo por mim, não por você. Um egoísmo altruísta. A parte bonita, o corre-corre ao seu redor, o caos que se formou, foi tudo para ter certeza de que eu não estava deixando você cair solitariamente no ralo. Eu até pensei em cair junto, mas acordei a tempo de dizer "bye, bye, ache sua própria corda para subir".

Eu queria que você fosse você, mas você nunca era você. Aliás, quem você é hoje em dia? Duvido que seja para sempre um rato perambulando pelos bueiros e saindo somente à noite quando a luz do sol já não te cega. Pensando bem, não duvido tanto. Quando você pensou que eu te amava, eu também pensei. Enganos de rota, entenda. Eu gostava mesmo era de uma emoção inconsequente, e você tinha de sobra. Ninguém dançava, respirava, segurava a bebida e ria enganadamente como você. E eu, você sabe, achava até bonitinho esse jeito de ser outro. Corta! A cena acabou.

Foi difícil limpar a própria sujeira do chão? Agradeça, ao menos há sujeita como você tanto gosta. Está sem telefone para dizer "vem, me ajuda"? Agradeça pela vida te poupar da decepção de eu não entender e muito menos ir.

Todas as histórias que contou sobe as mil aventuras que viveu e o quanto aquela cicatriz no joelho era sinal de vitória, vieram à tona um dia. Aposto que não tem coragem nem de entrar na floresta aí dentro de si, que dirá mundo afora. Teu medo da vida é feio, é coisa de quem muito deve.

Eu queria que você fosse você, sem saber que você não sabia se ser. Na despedida você me pede vergonhosamente “não vai”, e eu aqui, nessa porta te olhando com pena e pensando no tempo todo em que quis ouvir essa frase. Você se atrasou até na despedida.

Por essas e outras, meu esforço era consciência limpa: fiz mais do que podia. A gente sempre faz isso por quem não merece, não é? Eu fiz tudo para descobrir que você era tão passageiro quanto todos os meus encontros de uma noite. Eles ao menos pagam a conta.

Adeus! Nem todos os falsetes de astros de rock encrenqueiros dos anos 70 me agradam. Não você.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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2 comentários:

  1. Senti uma certa similaridade com o que sinto; com o que penso... No link, acho que você vai poder entender...

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  2. "Você se atrasou até na despedida."
    Será que eu também me atrasaria?

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