Alô?

Vou quebrar o protocolo do discurso como as célebres cenas dos filmes.

Vou quebrar os vasos, as janelas, os copos e pratos.

Vou quebrar o seu destino, se ele não cruzar o meu.

Vou quebrar o seu maldito celular de uma vez por todas: ou você atende ou eu quebro!

Pronto, inseri o drama na conversa, mas não, não venha me acusar. Por que diabos você não atende esse celular? Olha, ligar me custou demais e não falo da conta no fim do mês, falo do orgulho mesmo, do medo, do terror de outra voz atender e eu perceber que já era, já foi, é tarde e nunca foi cedo. Ah, atende logo... Homens não ligam, você sabia? Claro que sabia, lembro ainda do seu papinho do primeiro dia tentando me convencer de que eu não ligaria e nem lembraria do seu nome na minha agenda.

O que eu fiz? Foi o arroz queimado que nunca aprendi a melhorar? Foi o vinho errado que comprei? O atraso da semana passada? Aquela amiga que me abraçou um pouco forte demais? Foi você ou eu, caramba? Dê alguma certeza para que eu possa jogar fora as dúvidas. Dê uma única palavra nesse celular para que eu possa dizer a verdade das verdades, a confissão que - lembre- homens não fazem! E deixa eu te pedir que fique logo com a chave do meu apartamento, que faça você a droga que arroz, que compre você as bebidas, que atenda você os telefonemas que eu não quero mais receber.

Eu vou quebrar mil teorias sobre homens e mulheres e mesmo assim não me atenderá...

Isso era um adeus, mas quem é que sabe dizer adeus? Atende... Atende para que eu possa sempre voltar.

Alô? Você está aí? Algum dia você esteve por aí?
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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