"Eu tive um sonho"

Dois pesadelos e um sonho. Acordei na hora boa, igualzinho quando a novela acaba na instante mais bombástico: tudo deixando aquele friozinho na barriga. Ela volta no dia seguinte e o meu sonho não volta mais.

Me dei conta de ter sonhado o plano que dormi traçando para nós na minha cabeça. Eu quis te contar - do plano, do sonho, e de como pareceu dar certo -, mas você não iria querer saber. É tarde, na verdade cedo, nunca o tempo certo que tanto te vejo esperar.

Quero te convidar para conhecer o mundo, mas você diria não, porque o mundo, completaria, "é redondo demais pra valer a viagem". Teu ceticismo contra a minha saudade. Tua descrença contra a minha força. Teu amor contra o meu, como se nem fossem parte um do outro. E será que são?

Não tenho coragem de dizer o que preciso dizer, as tais palavras que podem mudar todo o futuro, pois sei que já cansou do futuro. Não estamos jantando casualmente no seu restaurante prefrrido enquanto eu conto entre um gole ou outro uma bela novidade. Estamos, na fria verdade, num quarto escuro tentando escutar o silêncio, como se fosse ele a porta de saída do nosso caos, e o nosso caos um destino inevitável.

Agora você pede um novo amor. Quer assim, do seu jeito e mais fácil. Quer mais perto, mais real, menos ilusão. Menos espera. Agora você esquece das frases bonitas, dos beijos sorrindo quando éramos somente nós. Aqulelas coisas que ainda não descobriu, mas descobrirá que não se repetem. Agora vai, parecendo que nunca veio. E será que veio?

Já pedi um amor que não peça outro amor. Talvez encontre pelo caminho, não me encho de esperança, mas também não mato mais nada desde que te vi matar algumas coisas. E, talvez, seja sempre você, o que me parece muito coerente com o meu coração. Você, que nunca quer morar o bastante em mim.

Minha covardia é tanta que preciso de meias linhas para tentar conversar nesse diálogo mudo, monólogo triste, essa coisa de não saber se você lê/escuta. A covardia é tanta que não sei nem te convidar para andarmos por aí, conhecermos o mundo e ficarmos mais perto outra vez. Porque eu sei, eu aprendi: você vai dizer "não".

"Eu tive um sonho, vou te contar..."
 Nós éramos felizes, em qualquer lugar. Porém, dessa vez, eu não posso te contar.
Compartilhar no Google Plus

Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários:

Postar um comentário