Sobre quando não se apaixonar


Quando ele olhar duas vezes: não olhe na segunda. O segundo olhar é mortal, comprometedor e sempre confessa mais do que o permitido.

Quando perceber que não percebeu de forma alguma a noite entrar na conversa que começou ainda com o sol e você já sabe até o trauma bobo de infância do outro e já contou sobre seus planos do futuro. O tempo parou. E o tempo não pode parar.

Quando ela quebrar as próprias regras para deixar você ficar um pouco mais a cada dia, pois mesmo sem saber onde pode dar, ainda vale pagar para ver. Você não saberá mais o caminho de ir embora e descobrirá que ficou pobre de tanto pagar.

Quando ele prometer que voltará, e voltar. Quando ele prometer que esperará, e esperar. Quando ele prometer que lembrará de te acordar cedo, e lembrar. Porque vai que um dia ele não volta, não espera e não lembra. Vai que a vida para em horários errados.

Quando as cabeças e ombros encaixarem perfeitamente, como em filmes, mas tão reais. Depois, solto no ar, o corpo perde o equilíbrio.

Quando a voz fizer sorrir e o abraço for capaz de salvar.

Quando "tudo" e "nada" se confundirem.

Quando o "adeus" chegar, o "porém" for maior que o "para sempre" e o ontem não contar mais no hoje e nem for suficiente para o amanhã, você irá querer ter parado antes, pisado no freio e saltado fora quando os sintomas eram claros demais. Quando ele ou ela plantaram a semente, mas mataram a planta. Você irá querer não ter se apaixonado.

Mas tudo o que eu sei sobre quando não se apaixonar é que... eu ainda me apaixonaria.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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