Oh, darling

Oh! Darling by Marjorie Estiano on Grooveshark

Ela me diz assim, cheia de certeza, que gosta de mim, e que as certezas, por sua vez, nunca moraram muito nela. Faço a minha cara mais típica de quem tem a segurança completa de ser quem é e não se deixa levar por simples palavras bonitas confundindo a mente treinada. Logo ela me desmente, me coloca no chão com um jogo de olhares que nem foi proposital. E fala de novo dos tais sentimentos e certezas. Quando ela fala dessas coisas e das outras que somente o coração enxerga e entende, eu fico ali, tentando não me acuar num canto com medo do destino e de deixar o tempo bom passar sem me agarrar nele com unhas e dentes. No meu histórico está lá escrito uma observação no finalzinho: "já brigou demais". Com a vida, o medo, o tempo, essas coisas de sentimento. O meu coração é torto, burro e bobo, principalmente quando no segundo dia eu já queria me ajoelhar e pedir pra ela ficar um pouco mais. Eu quis pedir no primeiro também, mas disfarço, não quero assustar ninguém com tamanha urgência. Mas dessa vez não há tempo para consultar a velha pasta que disserta folhas e folhas sobre a minha incapacidade de transformar o acaso em sorte. Não consegui nem uns minutos para testar o nosso mapa astral. Eu queria me prevenir. Nesse meio tempo ela sorri e eu já não sei mais nem soletrar a palavra sol-id-ão. Aliás, como é mesmo? Ela vive aqui até quando diz que não vem, porque eu sei, no fundo, que já veio. Eu não sei se fujo ou se fico, mas fico, pelo sim ou pelo não. Um dia tem que dar certo, precisa dar certo! Vai que é agora, que essa é a hora... Vai que o sorriso dela carrega tudo isso mesmo! Porque, olha, se não carregar, é tarde demais, não obedeci as placas de "pare", troquei logo o meu filme preferido pelo dela, e quem, em sã consciência, troca o filme preferido tão fácil? E certos dias, quando eu não tenho para onde ir, é só ela que me vem à cabeça. Já não me perco mais, porque é assim que eu digo que gosto dela. Vou arrumar o meu telhado só para ser a casa dela. Vou pintar as paredes e decorar a entrada. Vou jogar a chave fora. Da porta para dentro só o nosso amor importa. E, se por acaso ela for, pode ter certeza: eu também vou.

Oh, darling... Pra sair de mim eu só preciso de ti.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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