Thank you

Eu sempre vou te agradecer por não me deixar desacreditar no amor. Mesmo que você não saiba o que fez e que eu não fale diretamente por falta de palavras. Entrelinhas, entre olhares, entre dias chuvosos e quentes: eu sempre vou te agradecer por não me permitir desistir.

Quando seguro a porta para você passar, estou te agradecendo. Quando deixo você escolher o lado que prefere sentar, estou te agradecendo. Quando te deixo roubar os morangos do meu doce ou te dou um texto exclusivo de presente, é tudo agradecimento. Quando brinco e te arranco risadas ou deixo levar vantagem em qualquer discussão boba, é, de novo, agradecimento. Quando me atrapalho no romantismo que reservo para ti, é por não saber te explicar tudo o que você faz funcionar aqui.

É isso, parece outra coisa, eu sei, mas é isso: te amar me faz querer te dar o mundo em troca dessa fé que você me trouxe de volta em coisas bonitas como uma tarde chuvosa no meio de livros e um beijo na testa. Não tinha medo de nunca mais ser par; eu tinha medo era de nunca mais acreditar.

Você renovou não as esperanças, mas os fatos, as memórias, as crenças e um mundo inteiro dentro de mim. E nada é mais necessário do que renovar aquilo que se encerra em um túmulo dentro de nós. Você passou as minhas lágrimas a limpo. Eu gosto tanto da minha solidão que até esqueço de olhar para os lados, mas te vi recriando as paisagens ao meu redor, e isso eu também agradeço. Pegou a minha mão com a calma que eu precisava, mesmo tremendo mais do que eu. E tudo isso sem saber, o que te faz parecer um belo passe de mágica.

Eu não estava me afogando, me matando ou me culpando, como os dramáticos diriam. Eu apenas estava aqui com o meu drama particular e calado, com a minha apatia característica e você me olhou nesses tempos em que as pessoas quase já não se olham mais. Eu te agradeço até por ter desviado o olhar para fingir que não era eu, enquanto eu fingia que não era você; só assim eu soube que éramos nós. O inevitável sempre nos vence e nos surpreende.

Tenho contigo uma dívida bonita e o gosto por pagá-la. Tenho por ti um amor que somente você recuperou. E esse amor é gratidão, mas é, sobretudo e contudo, amor.

É gratidão, mas se não fosse amor, não seria nada. É todo dia novo, e é sempre teu.

(se eu nunca disse, escrevi ou desenhei, deixa agora eu te dizer antes que seja tarde: obrigada por ser o - meu - amor em forma de gente.)

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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.