But you want

Dos meus textos não escritos te incluí em cada frase. Dos meus amores largados te enxerguei em cada olhar. E da minha história só não te contei a parte inteira. Mas, cá entre nós, quem se importa com a parte inteira quando todo mundo (se) parte o tempo todo?

Tocava até uma música ao fundo, talvez você não acredite porque eu simplesmente não lembro do refrão. No canto um tênis velho jogado, um papel amassado, umas lembranças recortadas... Tantas coisas dando voltas em mim, ainda que eu já tenha parado a dança há algum tempo. Eu troco o disco, eu viro a mesa, eu compro novos sapatos para encher o guarda-roupa de pegadas diferentes. Eu troco a roupa para não sentir o cheiro. E mesmo assim tocava uma música ao fundo, uma daquelas de quando a gente já se deixou trair pelo querer. A música é que trai. Se a gente já tem trilha sonora, quem silencia o coração?

Não me obrigue a andar tanto, pois andarei. Não me diga para esperar, pois esperarei. Não me toque com seu mal-me-toque, pois bem-te-tocarei. E cuidarei. E andarei por esses seus trilhos descarrilados realocando um a um no seu lugar. Me bagunço para te arrumar, mesmo sabendo que ninguém conserta ninguém, que a vida constrói e destrói ao seu tempo e desejo. Mas te ver me faz querer passar a perna no destino. "But I can't", você diria com sotaque ou sem. "But you want", eu retribuiria.

Da minha insônia você é sonho. Do meu escape você é válvula. Do meu pretexto você é contexto. Eu te vi sorrir... Eu não soube mais pra onde ir.
 
Do meu caminho você é desalinho.
Compartilhar no Google Plus

Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários:

Postar um comentário