É tudo sobre flexibilidade


Certo dia, assistindo a um programa de entrevistas, a entrevistada encerrou com uma frase próxima a essa, já que não lembro os termos exatos: "Felizes daqueles que tem o coração flexível". Até hoje essa frase martela na minha cabeça. De imediato levei para o lado amoroso, pois a entrevistada passara recentemente por uma separação, mas hoje compreendo que a flexibilidade em questão vai muito além.

Em tempos onde as fronteiras diminuem cada vez mais - muito obrigada Skype, Whatsapp, redes sociais -, é inevitável que repensemos algumas coisas. Parece que tudo está logo ali a um passo. Mas o "logo ali" exige muito mais de nós do que imaginávamos. E haja flexibilidade para se desprender até chegar ao "logo ali"! E se desprender, principalmente, do que deu errado, seja lá o que for - uma ideia, um relacionamento, um emprego, uma viagem. É necessária muita flexibilidade para estar apto a tentar de novo ou até pela primeira vez. Flexibilidade, aqui, é tentativa. Podemos, mesmo sem saber, estar numa prisão do passado ou até do futuro, com medo ou pé atrás. Deixar algo e ir em busca de qualquer coisa exige que os corações sejam, de fato, flexíveis.

E o que tem o coração a ver com isso? Eu não sei você, mas ao menos comigo é ele quem me prende. É o apego, o amor, o carinho, a emoção, o sentimento... São eles quem costumam me guiar e me prender. Embora tanto tentem nos ensinar sobre amar e ser livre, é o coração quem pesa na hora de ir ou ficar. Então, a flexibilidade nos lembra que não deveria ser bem assim. Que ser flexível pode ser também ir aprendendo a respeitar o tempo, a levar algo consigo, a deixar algo de si. E é a mesma flexibilidade que cuida do terreno para que possamos, quem sabe, voltar ao ponto de antes, se assim desejarmos. Os nossos planos, os relacionamentos, os fracassos e as vitórias: tudo, t-u-d-o é flexível - ou deveria ser. O contrário disso me soa como estagnação, e eu nunca gostei de estagnar em lugares onde o vento não me desse um frio na barriga.

Você quer dar a volta ao mundo? Vá. Quer trocar de emprego? Troque. Quer voltar? Volte. Quer apostar em um sonho novo? Aposte. Quer isso ou aquilo? Que seja isso ou aquilo. E quando o coração apertar, lembre-se: nas nossas andanças, tudo e todos que desejam permanecer, permanecem. Que tenhamos corações flexíveis, mas que jamais esqueçamos de ter coração - e sonhos e planos e amores e recomeços e finais.
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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1 comentários:

  1. O que é este último parágrafo? Se não um alento!? Meu coração é tão inflexível, já deu para perceber isso nas minhas postagens... Eu quero conhecer lugares novos, fazer mochilão um dia, acampar no mato. Sair do emprego e sumir de tudo. Ahhh... Quem sabe um dia.
    Adorei seu texto, grande beijo.

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