O que eu aprendi com aplicativos de “paquera”


Não tenho Tinder. Tive, até alguns dias atrás. Durou não muitos meses e começou por um motivo bobo. Excluí por razões óbvias: até as risadas acabaram. O tal motivo principal, a “paquera”, nunca foi algo que eu tive aptidão ou um verdadeiro interesse. O tédio, amigos, nos leva a várias bobagens, apenas isso.

Enfim, o que ele me trouxe? Risadas, muitas risadas, além da percepção de que tenho muitos preconceitos em redes sociais: por favor, sem “about me” gigante, sem “amo Deus, minha família, meus amigos, a Xuxa, etc”, sem “sou um mistério”, sem foto muito feliz, sem foto muito triste, sem foto sem roupa, sem milhares de coisas. Ou seja, além de perceber que sou bem implicante, encontrei bastantes risadas (a única coisa para a qual eu tive paciência nesse tipo de aplicativo). Concluí mais: amigos não são fiéis a ex-namorados(a) de amigos, pessoas muito sorridentes me assustam, há muito mais nomes estranhos por aí do que se imagina, nunca julgue à primeira foto, e não, as pessoas não tem medo de que você seja um psicopata.

Acontece que após lembrar de me livrar definitivamente do aplicativo ocupando espaço no meu celular, eis que uma amiga pede: “Camila, baixa o Glimpse, só tem pra Iphone, quero ver como é”. Para quem não conhece ainda, assim como eu não conhecia, o tal aplicativo promete encontrar o seu “par perfeito” baseado no seu Instagram. Sim, porque o Facebook não basta mais! Ele se baseia, principalmente, nas hashtags que você usa. Nele você pode encontrar pessoas do mundo inteiro, inclusive da Ucrânia ou da Rússia, o que significa que o Google vai precisar te informar onde fica aquela cidade de nome estranho.

Novamente, o que o Glimpse me trouxe? Risadas, ainda mais longas do que o Tinder. Porque o Tinder, honestamente, eu entendo, ali somos vários, cada um de um jeito mais estranho do que o outro, mas está permitido ser classe média baixa. Porém, no Glimpse parece, não. Diz a minha amiga que "assim que liberar pra android isso muda". Em primeiro lugar, quem promete encontrar a “alma gêmea” pelas suas compatibilidades de hashtag? Segundo: o aplicativo é uma reunião de pessoas ricas espalhadas pelo mundo. Terceiro: eu não sei falar russo, japonês ou sei lá o quê. E, por fim, eu não uso hashtag. Enquanto isso enviei todos os prints possíveis para que os meus amigos dessem risadas comigo e todos nos divertimos com pessoas esquiando, pessoas em praias paradisíacas, pessoas sendo tão “pessoas” através do seu Instagram para uma rede social de “paquera”. São pessoas quase gritando “EI, OLHA AQUI EU VELEJANDO, FICA COMIGO”, ou então “EU NOS ALPES MARAVILHOSOS, VAMOS CASAR?”. Eu não sei porque isso funciona. Saí com a certeza de ser mais pobre do que antes. A grande moral é que esse aplicativo conseguiu unir nossas vidas falsas no Instagram com falsos amores-das-nossas-vidas-em-potencial. GENIAL! Um prato cheio para as risadas, enfim.

No Tinder as pessoas colocam fotos em banheiras de sua casa. No Glimpse elas tem ofurô. No Tinder elas tomam Skol. No Glimpse elas tomam vodka originalmente russa. No Tinder elas vão ao show do Michel Teló. No Glimpse elas assistem o Jay-Z. No Tinder elas colocam foto do carro popular do ano passado. No Glimpse elas colocam foto dos bancos de luxo do carro de luxo. O que eu aprendi, então, é que entre a Favela do Alemão e a Mahattan dos aplicativos de paquera, eu fico com a vida aqui fora (e as risadas).

O que interessa tudo isso? Interessa que tudo bem um casal se encontrar no Tinder, por exemplo, acho que é válido, fico feliz. Que façam suas tatuagens, ok. Tomara, aliás, que todos encontrem um amor, seja no bar, na sala de aula, na fila da lotérica ou em um aplicativo. Mas, como diria Jout Jout, “tinder  (ou Glimpse, nesse caso) é que nem panetone: algumas pessoas não entendem porque existe”. 

Uma última questão: quem criou o maldito termo "paquera"?
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Autor: Camila Costa

Dizem que "essa guria tem uma caneta no lugar do coração". É gaúcha, jornalista e quase adulta com 23 anos. Um dia chega lá.
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1 comentários:

  1. Esses aplicativos não combinam comigo por que eu sou muito ruim em paquerar. Até acho essa palavra bem chata. Boa noite, bjos.

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